A Justiça a serviço da vida

Pe. José Gustavo Gonçalves,
Administrador Paroquial de Aparecida d’Oeste e Marinópolis
 
A Justiça é o bem comum a ser buscado para que a paz possa existir no nosso planeta. Ela sempre será a urgência mais recorrente para alcançarmos o fim último que é a felicidade. Para nós, cristãos, a Justiça do Reino de Deus deve ser buscada em primeiro lugar: "Felizes os que são perseguidos por causa da Justiça, porque deles é o Reino dos Céus" (Mt 5, 10). Portanto, a prática da Justiça, é o que faz a humanidade caminhar na direção do seu fim último.

Por suposto, percebe-se que a Justiça deve ser o princípio integrador do agir humano e regulador das relações sociais na história, principalmente neste momento atual em constante mudanças. Assim, revestido de complexidade em todos os sentidos, sobretudo nas relações internacionais, o mundo pós-moderno, pautado no capitalismo selvagem, tem gerado injustiças globalizantes que vão forjando o empobrecimento cada vez maior dos países em desenvolvimento, deixando-os cada dia mais dependentes das grandes potências mundiais.

Assim sendo, tornou-se urgente que novas formas de gestão internacional redescubram os verdadeiros valores humanitários, para que em consonância com o projeto do Reino de Deus os façam surgir das cinzas do atual projeto democrático em extinção. Se faz necessário, portanto, redescobrir o ideal cristão de um novo céu e uma nova terra tendo como horizonte "a terra sem males", na qual a Justiça esteja de fato a serviço da vida, sobretudo dos pequeninos e marginalizados.

É inadmissível que em nosso planeta, a saber, a Casa Comum, tão rico, continue existindo tanta fome, miséria e opulência. Foi bem assim que descrevi o mundo atual em meu poema – "O sonho dos vencidos": Aos olhos os prazeres e seus resplendores, e no coração o escurecer dos horizontes, os silêncios já não mais murmuram fontes, calaram-se os sonhos nos gritos dos pastores. Elevam-se obeliscos em templos de flores, povoam-nos nas mentes das tristes frontes, criando-se vidas vazias em férteis montes, até escondem da lua os luares e os amores. Olhares dissonantes se olham pela memória, os humanos se tornaram templos esquecidos, num mundo de falsos valores e sua glória. Que é apresentada como sabor de vitória, ecos da vil realidade imposta aos sentidos, que no fundo retrata o sonho dos vencidos.

Estamos chegando ao final de 2017. Que os sinos toquem abrindo as portas de nossas comunidades aos empobrecidos para juntos celebrarmos, mais uma vez, pela fé, o nascimento de Jesus de Nazaré, nosso Salvador. Em nossas preces, peçamos ao Senhor da Messe, que reforce em cada um de nós o compromisso com a Justiça para com eles. Por fim, que aprendamos, cada vez mais, a reconhecê-los, no dia a dia, como os prediletos de Deus!



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