O mercado de orgânicos

Ming Liu – paulistano, administrador de empresas – é diretor executivo do ORGANIS Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável, com sede em Curitiba (PR). O projeto de exportação da entidade, com a marca Organics Brazil, em 2016 reuniu 54 empresas e faturou 145 milhões de dólares.


O mercado de produtos orgânicos e sustentáveis vem crescendo no mundo. Em cada dia, mais empreendedores se capacitam, se organizam e participam desse mercado. Recentemente, nos Estados Unidos, a Amazon (gigante do comércio eletrônico) comprou a Whole Foods Market (maior rede de produtos orgânicos e naturais). Isto mostra como os negócios do segmento estão em alta.

Nos Estados Unidos, líder mundial, o mercado de orgânicos atingiu em 2016 o faturamento de 50 bilhões de dólares. Lá os empreendedores que atuam na produção e nas cadeias produtivas de orgânicos têm retornos econômicos acima dos convencionais. Os consumidores seguem a tendência de buscar produtos mais saudáveis: 82% das famílias norte-americanas adquirem produtos orgânicos; 14% das frutas e vegetais do mercado são orgânicos; 5% dos produtos lácteos do mercado são orgânicos; 75% de todos os produtos encontrados no mercado têm sua versão orgânica.

No mundo, empresas multinacionais de agronegócios e alimentos estudam o segmento de orgânicos, visando comprar marcas existentes para não ficarem fora deste mercado. Aqui no Brasil não é diferente, mas sabemos que estamos na fase inicial deste movimento que ganhará força com a globalização.

A 13ª. Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia, que aconteceu na cidade de São Paulo – de 07 a 10 de junho de 2017 –, teve participação de 420 expositores e foi visitada por mais de 25.000 pessoas. Cresceu 35% em relação ao ano passado.

O ORGANIS Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável realizou este ano a primeira pesquisa nacional para conhecer os consumidores brasileiros de orgânicos. Os resultados foram surpreendentes. Obtivemos a certeza de que estamos no inicio de um processo de consolidação que vai se fortalecer nos próximos anos.

Os principais dados levantados foram estes: 15% das famílias brasileiras utilizam produtos orgânicos; 60% delas já consumiram verduras orgânicas; 25% delas já consumiram frutas e cereais orgânicos. Outros dados: 84% das famílias não souberam dizer o nome do produtor ou a marca dos produtos orgânicos que consumiram; 45% se lembram de ter visto um selo de certificação de produto orgânico.

Os resultados da pesquisa têm seu lado preocupante. A maioria das famílias (85%) não consome produtos orgânicos, apesar de boa parte (60%) já ter consumido verduras orgânicas. Também é grande (84%) o desconhecimento das famílias sobre a origem e a certificação dos produtos orgânicos consumidos.

Mas há o lado positivo. Os dados indicam que os empreendedores orgânicos brasileiros têm um vasto mercado, cheio de oportunidades para trabalhar a distribuição e a venda no varejo dos seus produtos. A conquista de consumidores, através de campanhas educativas, pode impulsionar o aumento da produção e a diminuição dos preços.

Já temos 16.000 produtores orgânicos cadastrados no Ministério da Agricultura e podemos contar com a adesão de muitos outros. A organização dos produtores e a formação das cadeias produtivas devem priorizar o atendimento dos consumidores locais. Quanto ao tamanho potencial do mercado brasileiro, dizemos que ele tem o tamanho da população brasileira de 207 milhões de habitantes. E uma lembrança final: nós já temos tecnologias e insumos disponíveis bem aqui no nosso quintal. (Fonte: Vera Moreira Comunicação – São Paulo SP).



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