por Luiz Gonzaga Bertelli
presidente do Conselho de Administração do CIEE
Dados do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE), divulgados recentemente pela Folha de S. Paulo, mostram que cada professor das redes públicas de ensino do estado mais rico da nação falta, em média, 30 dias por ano. O principal motivo seria o grande volume de licenças médicas, em torno de 60% das ausências. As faltas equivalem a 15% do total de 200 dias letivos que as escolas são obrigadas a cumprir. De acordo com especialistas, esses dados sinalizam a precariedade da carreira do professor. Dois em cada dez docentes em São Paulo dão aulas em mais de uma escola, às vezes trabalhando em redes de ensino diferentes. Os números referem-se a 370 mil professores que atuaram nas redes públicas em 2015. No total, foram 11 milhões de faltas.
O impacto das ausências está intimamente ligado à qualidade de ensino, conforme comprovou estudo do TCE. Quanto mais faltas de professores, menor é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Existem ainda dúvidas se todas as escolas computam as faltas dos docentes, o que poderia trazer à tona um quadro ainda mais angustiante.
Um dos fatores que expõe a fragilidade da carreira docente é a baixa remuneração. O ganho médio dos professores equivale à metade do que recebem profissionais com a mesma escolaridade. Com isso, os docentes buscam aulas nos três períodos, elevando a carga horária e agravando os motivos para as ausências. De acordo com a Prova Brasil 2015, um questionário aplicado aos professores, 39% deles trabalham mais de 40 horas semanais, o que dificulta também o preparo das aulas e, consequentemente, impacta a qualidade do ensino.
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