Águas Claras: dirigentes da CBDA são presos em operação do MPF/SP e PF que apura desvio milionário de verbas federais

Valores que não foram devidamente aplicados nos esportes aquáticos podem chegar a R$ 40 milhões

O Ministério Público Federal em São Paulo, em conjunto com a Polícia Federal, deflagrou nesta quinta-feira, 6 de abril, a Operação Águas Claras, que apura o desvio de recursos públicos federais por dirigentes da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Três envolvidos já foram presos e um está foragido. Quatro empresários que participaram de licitações com indícios de irregularidades foram conduzidos coercitivamente a unidades da PF em São Paulo e no Rio de Janeiro. Outros 16 mandados de busca e apreensão também foram cumpridos. Todas as medidas foram expedidas pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

As investigações apuram o destino de cerca de R$ 40 milhões repassados à CBDA, que não teriam sido devidamente aplicados nos esportes aquáticos. Entre as fraudes, estão licitações para aquisição de equipamentos de natação no valor aproximado de R$ 1,5 milhão. Há indícios de que a empresa vencedora seja apenas de fachada, pois em seu endereço na capital paulista funciona uma Pet Shop.

Também é objeto da Operação Águas Claras, a contratação com suspeitas de irregularidade de agência de turismo, que venderia passagens aéreas e hospedagens para os atletas com preços superfaturados. Essas contratações irregulares eram realizadas com verbas federais obtidas através de convênios com o Ministério dos Esportes.

A operação apura ainda a suposta apropriação por parte dos dirigentes da CBDA de premiação de 50 mil dólares americanos que deveriam ter sido repassados a atletas. Além disso, estima-se que cerca de R$ 5 milhões, provenientes do Ministério dos Esportes, deixaram de ser aplicados na modalidade polo aquático. Embora a CBDA tenha recebido esta verba federal para aplicação nos torneios nacionais e internacionais, seus dirigentes não autorizaram a ida da seleção de Polo Aquático Júnior, campeã sul-americana e panamericana, para o Mundial do Cazaquistão, sob o argumento da falta de recursos financeiros.

Na esfera cível, o MPF já ofereceu duas ações de improbidade administrativa contra o presidente da Confederação, Coaracy Gentil Monteiro Nunes Filho, outros dirigentes e empresários pelas fraudes em licitações para a aquisição de itens esportivos. A Operação Águas Claras está sendo conduzida pela Polícia Federal e pelos Procuradores da República do Núcleo de Combate à Corrupção em São Paulo Thaméa Danelon, José Roberto Pimenta Oliveira e Anamara Osório Silva, com a participação da Controladoria-Geral da União.

 

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