PM morto por quadrilha que explodiu carro-forte se casaria em setembro

Era um sonho dele ser polícia’, diz sogro, durante velório em Guariba (SP).

Erik Ardenghe, de 28 anos, foi morto enquanto fazia buscas em canavial.



Do G1 Ribeirão e Franca

Morto a tiros em Jaboticabal (SP) em uma operação após o ataque a um carro-forte na segunda-feira (13), o soldado Erik Henrique Ardenghe atuava há seis anos na Polícia Militar, tinha planos de fazer carreira na corporação e de se casar com a namorada em setembro.
Morto em Jaboticabal após ataque a carro-forte, Erik Henrique, de 28 anos, planejava se casar este ano (Foto: Reprodução/EPTV)


"Ele abraçou essa causa da polícia, porque era um sonho dele ser polícia, é uma coisa que está no sangue. São pessoas que realmente gostam de fazer esse trabalho", disse o radialista Rodrigo Oliveira, sogro da vítima, durante o velório na Câmara de Guariba (SP) nesta terça-feira (14). O sepultamento foi marcado para as 16h no cemitério municipal.

Pouco depois do ataque que terminou com a explosão do veículo da empresa de valores Protege, na Rodovia Carlos Tonani, em Barrinha (SP), Ardenghe e outro PM foram alvos de disparos de suspeitos em uma CRV no meio de um canavial próximo à Rodovia Deputado Cunha Bueno.

O colega conseguiu se esconder no canavial e foi localizado uma hora e meia depois. Ardenghe, por outro lado, tentou se proteger atrás da viatura, mas morreu atingido na perna e na cabeça por disparos de fuzil.

Segundo o coronel Humberto Gouvea Figueiredo, os policiais estavam atrás de outra caminhonete quando foram pegos de surpresa pelo grupo e não tiveram tempo de reagir.

As investigações são compartilhadas pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sertãozinho (SP), que focará as circunstâncias do ataque à empresa de valores, e pela Polícia Civil de Jaboticabal, onde serão apurados detalhes da morte do policial como homicídio qualificado.

Jovem com planos
Solteiro e sem filhos, o PM namorava há sete anos e há quatro estava noivo, segundo o sogro. O PM e a namorada tinham comprado uma casa e já haviam começado os preparativos para morar juntos.

"Um rapaz jovem, de 28 anos, já namorando a minha filha há sete anos, noivado há quatro anos, pretendia se casar agora no meio do ano. Eles compraram uma casinha, estavam reformando até semana passada, foram para Ribeirão Preto pra fechar o negócio do acabamento da casa. Estava tudo caminhando certo, mas infelizmente essa noite passada aconteceu o que aconteceu", lamenta.

PM vocacionado
Em entrevista coletiva nesta terça, o coronel Humberto Gouvea Figueiredo lamentou a morte do soldado e se referiu a ele como uma pessoa reconhecida pelos colegas.

"Era um grande colaborador nosso, uma pessoa reconhecida pelos seus pares e comandantes como vocacionada para a atividade policial militar, muito sereno, muito tranquilo, um excelente profissional."

Desde 2011 como efetivo na Polícia Militar, Ardenghe tinha intenção de crescer profissionalmente. "Embora jovem, com 28 anos de vida, aspirava ascender à carreira, já havia prestado concursos para cargos superiores na instituição."

Com a morte de um cabo da PM no ataque à Prosegur, em julho de 2016, a corporação contabiliza pelo menos duas mortes em menos de um ano, lembrou o coronel.

"A morte de agentes de segurança é algo que a sociedade brasileira tem que receber com muita preocupação. Quando morre um policial, não é uma vida que é ceifada. É ceifada a vida de uma pessoa que protege outras, milhares de vida. Quando se mata um policial, se tira a vida de alguém que escolheu defender o próximo. Isso é muito grave."

Assalto ao carro-forte
Segundo informações registradas em boletim de ocorrência, o roubo ao carro-forte da Protege aconteceu por volta das 19h. O veículo havia sido carregado com dinheiro em Jaboticabal e cidades próximas, e seguia para Ribeirão Preto.

Os suspeitos interceptaram o carro-forte na Rodovia Carlos Tonani (SP-333). Após uma ultrapassagem, o grupo passou a atirar na viatura da empresa, com a intenção de atingir o motor. O carro-forte deixou a pista e parou no canteiro central.

Um dos assaltantes bateu na porta do carro e ordenou que os funcionários saíssem. Estes disseram ter visto um homem com arma longa, encapuzado e com colete à prova de balas, que os mandou deixar as armas da empresa na margem da rodovia e fossem embora.


Quadrilha usou dinamite para explodir o cofre do carro-forte (Foto: Luciano Tolentino/EPTV)

As vítimas seguiram a pé por um matagal em direção a Barrinha (SP), mas continuaram a ouvir disparos e avistaram dois veículos escuros que não conseguiram identificar, segundo o boletim de ocorrência.

As vítimas também relataram ter ouvido, a certa distância do local, a explosão do carro-forte, fato cujas circunstâncias também precisam ser esclarecidas, segundo o delegado Rodrigo Pimentel Bortoletto. O valor roubado não foi informado pela empresa.

Em nota, a Protege informou que seus colaboradores encontram-se em segurança e que colabora com as investigações. A empresa comunicou ainda que tem como política de segurança não comentar sobre valores transportados em carros-fortes.



Comentários