Depressão e os nossos fantasmas

Flávio Rodrigo Masson Carvalho
Professor do UNIBAVE – Orleans - SC
 
 
Me disseram que tudo daria certo,
Me disseram para não desanimar,
Me disseram que eu era esperto,
Me disseram para acreditar.
Não acreditei em nenhuma
palavra dita,
O medo foi mais forte que a crença,
O que senti foi uma dor maldita,
Era o começo da minha doença.
Meus fantasmas saíram do armário,
Vieram me assombrar,
E o medo passou a ser diário,
Comecei a desesperar.
Gritei de desespero, e
quase morri,
Ninguém ouviu meu grito,
Só eu sei o quanto sofri,
Fiquei ainda mais aflito.
O medo me paralisava,
Temia tudo, e agora calado,
A impotência me aterrorizava,
Estava muito perturbado.
Varias vezes pensei em desistir,
Me entregar a escuridão,
Sentia que não iria resistir,
Jamais senti tanta solidão.
A depressão provoca imensa dor,
Dói o corpo e a alma chora,
É a total ausência do amor,
Como mandar meus fantasmas embora?
Esta foi a queixa de um paciente,
Narrada com muita aflição,
E escuto a mesma diariamente,
E na análise se busca a solução.
Não existe uma receita pronta,
Nem para a maldita depressão,
E nem para o medo que nos afronta,
O que posso fazer então?
Escutar a dor que me é narrada,
Escutar com muita atenção,
Pode parecer pouco ou quase nada,
Mas é tudo quando se escuta com o coração.
 
 
 

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