Bikes

Reginaldo Villazón

No tempo em que as cidades eram menos extensas e menos saturadas de automóveis, as bicicletas serviam de lazer e transporte com segurança e eficiência. Todas as famílias possuíam bicicletas e não havia quem não as soubesse usar. Os automóveis e utilitários de aluguel, à disposição em locais convenientes, garantiam o atendimento de outras necessidades. Porém, o crescimento das cidades e a expansão da indústria automotiva fizeram as bicicletas perder a preferência e o espaço para os automóveis.

A sensação de estar no controle de um veículo motorizado de quatro rodas, com capacidade de vencer distâncias maiores em menos tempo, favoreceram os automóveis. Além disso, os automóveis comprometeram a segurança das bicicletas no trânsito. Parecia um fato irrevogável: a era do automóvel havia chegado, a era da bicicleta acabara. No entanto, enquanto a maioria da população superlotava as cidades com automóveis, uma minoria expressiva de apaixonados aprimorava e curtia as bicicletas.

Um problema hoje comum em muitas cidades do mundo é o estresse por dirigir automóvel no trânsito congestionado e estacionar onde é difícil encontrar vagas. As reclamações das populações aos políticos não cessam. Mas já existem cidades que possuem ótimo sistema de transporte público, ciclovias bem conservadas e serviço moderno de aluguel de bicicletas. Seus metrôs até transportam passageiros com bicicletas em horários especiais. Nessas cidades, muitas pessoas nem precisam ter automóvel.

E as bicicletas evoluem. Seus equipamentos e acessórios se refinam. Há novidades previstas. O acionamento mecânico do câmbio vai ser substituído outro eletrônico para proporcionar trocas de marchas perfeitas. O câmbio de marchas descontínuas vai ser trocado por outro de marchas contínuas para permitir escolhas mais apuradas. A tradicional corrente metálica será substituída por uma eficiente correia dentada ou um eixo cardan. Cada ano, os fabricantes de bicicletas vão lançar novidades.

A criação da bicicleta moderna no Século 19 – parecida com as de hoje – não teve preconceito de gênero. Os homens tiveram a vantagem de já usar calça comprida. As mulheres adotaram modelos de roupas com calças compridas volumosas para uso exclusivo nos passeios de bicicleta nos parques. Até hoje, homens e mulheres têm o mesmo interesse por bicicletas. Nos eventos ciclísticos coletivos, como roteiros turísticos, não há separações. O que existe hoje é muito adulto aprendendo a andar de bicicleta.

Todo iniciante – criança ou adulto – não esconde a insegurança. Será possível manter-se firme sobre duas rodas? As tentativas frustradas incomodam. Mas, de repente, começa a dar certo. Com mais treino, vem a segurança. Depois, a descoberta de que bicicleta é movimento e equilíbrio. Mais tarde, a constatação de que a bicicleta é limpa (não tem motor, não gasta gasolina, não emite CO2 nem barulho), pode ser dirigida por muitos lugares, pode ser estacionada num canto qualquer. Isto é a bicicleta.

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