Impasses

Reginaldo Villazón



A aceleração da globalização foi percebida com clareza, na segunda metade do século passado, através do rápido desenvolvimento tecnológico. Sem dúvida, a interligação (social, econômica e política) foi possível em nível mundial graças às novas tecnologias, como sistemas de comunicação por satélite, informática e transporte. Mas outros fatores atuaram de forma relevante, como o crescimento populacional de 2,5 para 6,0 bilhões de pessoas e o capitalismo com sua lógica de expansão sem limites.


Com a globalização, ganhamos benefícios e desafios. Quando admitimos que a globalização ajuda a resolver problemas regionais e locais, estamos cheios de razão. Por outro lado, somos obrigados a reconhecer que a população mundial sofre reveses de grande monta, que já fazem parte das nossas aflições diárias. Acontecimentos distantes que não nos afetavam tanto, hoje entram em nossas casas em imagens de alta definição. Para piorar, aprendemos que no mundo globalizado estamos todos no mesmo barco.

Diversos estudos, patrocinados por entidades internacionais, elencam um rol de ameaças que o mundo tem a enfrentar. São instabilidades políticas, crises econômicas, cenários de miséria, surtos de doenças, desastres ambientais, conflitos armados, terrorismo, violência civil e outras. Estas situações desconhecem fronteiras, propagam seus efeitos sobre todo o mundo e só podem ser enfrentadas com apoio conjunto de instituições mundiais. É o caso da migração dos refugiados de guerras.

Após a Segunda Guerra Mundial, foi fundada a ONU – Organização das Nações Unidas – com a tarefa de manter a paz no mundo e promover a cooperação entre as nações. Com o tempo, a ONU assumiu papel abrangente diante dos problemas mundiais. Mas os líderes das grandes potências (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França) não abrem mão dos seus interesses. Para eles o combate ao terrorismo é prioridade, mas a ajuda humanitária a vítimas de tragédias coletivas não é importante.

Apesar de a ONU garantir seu prestígio, mantendo milhares de pessoas em seus serviços de prestação de contribuições em áreas deficitárias – saúde, educação, alimentação e outras –, sua atuação nos problemas globais é muito criticada. Mas o comportamento absurdo dos líderes das grandes potências tem merecido repúdio. A insistência deles em tentar resolver os problemas com bombardeios, por conta própria, tem resultado em fracassos dignos de zombaria por parte dos críticos.

Por enquanto, os líderes políticos mundiais participam de encontros internacionais e posam em grupo para os fotógrafos. Como patetas incompetentes, aos olhos dos observadores criteriosos. Mas os alertas dos cientistas estão cada vez mais contundentes. No presente século, se a humanidade não tomar as devidas providências em nível global, boa parte da população vai perecer em tragédias. Erra, quem pensa que está em segurança. Uma nova geração de líderes mundiais vai ter que entender essa realidade.

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