FOLHAGERAL

da redação


Um experiente
"analista" político, lá botequim da vila, remoeu com paciência os fatos recentes em Jales. Por fim, enfaticamente, levantou o copo e brindou: "Tucano, avis rara, em extinção em Jales". Pode ser exagero. Mas não é a primeira vez, em Jales, que um partido político joga fora uma ótima ocasião de crescer forte e sai de cena desacreditado.
Politicamente,
o PSDB de Jales se desmantela. O prefeito Pedro Callado não mostrou agilidade nas conversações nem força de liderança, ao permitir que a deputada Analice Fernandes anunciasse que ele não seria candidato a prefeito. Aos olhos e ouvidos de todos ficou evidente que, quem comanda as ações do partido no município, é a deputada.
A militância
tucana estava insatisfeita com a postura hesitante de Pedro Callado como pretendente à candidatura de prefeito. Havia quem pensava seriamente em não participar da campanha. Imaginem, agora, que o PSDB sequer lança candidato próprio.
O povo
acompanha os fatos com senso crítico. Sabe que prefeito Pedro Callado e o próprio PSDB se deixaram envolver por outros e não buscaram alternativas. Sabe que o PV de Bixiga anunciou uma coisa e fez outra. Sabe que o vereador Tiago Abra mudou de sigla e agora está na penumbra, dentro de uma coligação que rejeitava.
Em entrevista
a uma emissora de rádio, Osvaldo Costa Júnior, o Bixiga, mostrou sua decepção com os acontecimentos que culminaram com a retirada estratégica de Pedro Callado. E por tabela com sua saída da disputa. Se Bixiga fosse mais político, teria percebido que a candidatura de Callado estava fazendo água. O que aconteceu foi planejado sem alarde.
Gente do próprio
PSDB só ficou sabendo dos fatos no apagar das luzes e quando a deputada tucana foi ao rádio. Segundo comentam, na convenção partidária da terça-feira (02 de agosto), que selou o "funeral" do PSDB em Jales, teve até choro.
Quem
deve estar dando boas gargalhadas dessa penúria política do PSDB é a ex-prefeita Nice Mistilides. E com total razão. Quando o processo de cassação foi aberto contra ela, muitos dos seus coligados tucanos esfregaram as mãos de contentamento. Viram na queda política de Nice a oportunidade de empoleirar um tucano na cadeira do Executivo.
Visando
aliviar o desgaste tucano junto ao eleitorado – com a decisão do PSDB em abandonar a disputa eleitoral e apoiar uma candidatura única ao Executivo, a deputada Analice Fernandes tenta acelerar no TCESP o julgamento dos recursos relativos ao Edital de Licitação para recape das ruas da cidade de Jales.
Quatro recursos
estiveram na pauta de julgamentos da 2ª Câmara do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo - TCE. Eles foram julgados parcialmente procedentes. Um dos recursos é assinado pela advogada Juliana Fosaluza, integrante de Edgard Leite Advogados Associados.
Pelo menos,
a execução dos serviços de recape na cidade poderá evitar que o prefeito tucano Pedro Callado seja apontado por muitos como o pior prefeito que a cidade já teve. Afinal de contas, prefeito que deixa a cidade ficar esburacada não merece elogios.
Na eleição
de 2012, na contagem final da votação para prefeito, foram registrados 28,32% de votos brancos, nulos e abstenção. Para vereadores, os votos brancos, nulos, abstenção e votos na legenda somaram 38,48%. São percentuais altos numa eleição normal. Agora, numa possível eleição com candidatura única, esses percentuais podem atingir níveis maiores.
Foram
sufragados naquele eleição 27.311 votos em nomes dos candidatos a prefeito, e em nome dos candidatos a vereador o eleitor validou 26.812 votos. Foram apurados 37.217 votos.
Após
o registro da sua candidatura a prefeito, Flá Prandi (DEM) – ao lado de Garça (PMDB) – vai ter que suar a camisa para justificar a candidatura única decidida nos bastidores partidários. Não apresentará um plano de trabalho para confronto com outros. Precisará usar de eloquência, no horário de propaganda gratuita e nos contatos pessoais, para convencer os eleitores a comparecerem às urnas e depositarem votos válidos.
Com a
decisão eleitoral tomada pela grande maioria dos partidos políticos, a campanha eleitoral pelo poder Executivo em Jales será muito econômica, sem questionamentos, sem debates. Não haverá dedos em riste, excessos de linguagem, ofensas, melindres. Tudo vai acontecer na maior civilidade. Os eleitores nem precisam prestar atenção.
Sem oposição,
os novos eleitos, no Executivo e no Legislativo, vão ter carta branca para conduzir os negócios municipais da maneira que eles mesmos decidirem. Os partidos políticos vão aprender a conviver em pleno acordo. Todos os eleitores vão respeitar a legitimidade democrática. Os eleitores descontentes vão esperar com paciência novas eleições.
Certamente,
esta é uma solução para as crises políticas em Jales. A coesão dos partidos políticos vai sustentar a estabilidade política nos próximos quatro anos. Ninguém pode ter certeza de que isso vai trazer prosperidade ou não. Pode ser que sim (uma maravilha), pode ser que não (um desastre). Mas esta é uma outra questão, que o futuro responderá.

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