Igreja a serviço da sociedade

Dom Reginaldo Andrietta, Bispo Diocesano de Jales

 
Em meu primeiro artigo como Bispo Diocesano de Jales, apresentei um convite aos setores organizados da sociedade local, para construirmos juntos um projeto de desenvolvimento regional que ofereça novas oportunidades educacionais, profissionais e econômicas, e garanta condições sociais mais dignas, sobretudo às novas gerações. Agradeço as primeiras respostas positivas de agentes pastorais da própria igreja diocesana e agentes de outros setores sociais.

Ao apresentar publicamente essa proposta, disponho-me a cumprir um papel facilitador de encontros que possam ajudar a analisarmos mais profundamente o atual modelo de desenvolvimento regional, diagnosticarmos seus entraves, identificarmos potenciais e projetarmos ações integradas, afinal como bem o diz Jesus, "todo reino dividido contra si mesmo acaba em ruína e nenhuma cidade ou casa dividida contra si mesma poderá subsistir" (Mt 12,25).

Pretendo com isso, sinalizar que a Igreja está a serviço do bem comum. Ela se autocompreende como sacramento, ou seja, sinal e instrumento do Reino de Deus inaugurado por Jesus Cristo e edificado por todas as pessoas de boa vontade, inspiradas pela ação do Espírito Santo. Disto decorre a compressão de que a Igreja não existe para si mesma, mas para o Reino de Deus, em ato na história humana. Ela é, portanto, ministerial, desde si para a sociedade.

O Concílio Ecumênico Vaticano II, na introdução da Constituição Pastoral Gaudium et Spes (Alegria e Esperança) sobre a Igreja no Mundo Atual, diz que: "As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração".

Seguindo o caminho traçado pelo Concílio, a Igreja atua frente à globalidade da vida em sociedade, particularmente as situações que geram sofrimentos humanos. Com esta sensibilidade, em visita a uma comunidade de periferia de Jales, perguntei quais os problemas que mais afligem a população dos bairros em que está situada. As lideranças foram unânimes em mencionar o desemprego. Este e tantos outros sofrimentos causados por um desenvolvimento econômico excludente, interpelam a Igreja, motivando-me a tomar iniciativas, contando com mais respostas positivas de gente e agentes do bem.

A crescente implicação sócio-política dos cristãos em prol do bem comum, particularmente da Igreja Católica, motivados pela fé, e de pessoas de boa vontade, motivadas por convicções humanistas, revelam uma nova primavera na Igreja e na sociedade. Vivemos em um tempo oportuno para construir novas condições de existência e convivência social. Saibamos interpretar esses sinais dos tempos e responder de maneira inteligente, dispondo-nos a atuar coletivamente, afinal os problemas sócio-econômicos, tais como tsunamis, devastam em primeiro lugar as ilhas, ou seja os pequenos e isolados.

Reafirmo, portanto, meu convite para intercambiarmos análises sobre a realidade que nos envolve regionalmente, sensibilizarmo-nos com tantas situações dramáticas de nosso povo, projetarmos e desenvolvermos ações coletivas, testemunhando a razão de nossa fé e de nossa ética comunitária. Reavivemos a esperança de que é possível construirmos um novo estilo de vida em sociedade nesta terra de tanto sol! Demonstremos por iniciativas comuns que ele, realmente, nasce e existe para todos!

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