Arquitetura

Reginaldo Villazón

O endereço é conhecido dos apreciadores de arquitetura. Avenida Pierre-Dupuy, número 2600, cidade de Montreal, Canadá. Lá se encontra o surpreendente conjunto residencial – o Habitat 67 – projetado pelo arquiteto Moshe Safdie, um israelense que migrou adolescente para o Canadá. O conjunto foi inaugurado como parte da Exposição Mundial de 1967 em Montreal, cujo tema "O homem e seu mundo" teve um foco em habitação. A obra incomum foi visitada e admirada por um grande contingente de pessoas de todo o mundo.

À distância, o Habitat 67 parece inúmeros blocos com janelas, empilhados de forma irregular, lembrando uma favela construída no morro. De fato, são 354 blocos de concreto organizados para abrigar 148 famílias. O conjunto possui seis elevadores, passeios que dão acesso às residências, praças comunitárias, terraços privados, muitas plantas. Há aquecimento central, condicionamento de ar e isolamento acústico. As residências recebem luz direta do sol, favorecem a integração social e garantem a privacidade.

Com o Habitat 67, o jovem arquiteto Moshe Safdie (aos 29 anos) mostrou ser possível construir residências em locais muito valorizados, oferecendo teto a muita gente num pequeno terreno, sem abrir mão do contato com a natureza e do convívio social. Dos idos de 1967 para cá, são passados quase 50 anos. O Habitat 67 foi um sucesso e um fracasso. O sucesso foi óbvio. O fracasso se deu pela falta de interessados em multiplicar projetos semelhantes para beneficiar muitas pessoas pelo mundo afora.

Todavia, o tempo fez o arquiteto Moshe Safdie ficar melhor. Mais ainda, fez a arquitetura evoluir e extrapolar seus limites habituais. Hoje é impossível dizer, sem errar, onde a arquitetura não está presente. Ver a arquitetura no exterior de prédios – de diferentes países e épocas – hoje é só conhecimento geral. A arquitetura se impõe como necessidade na construção, na organização e no uso de todo espaço, fechado ou aberto, privado ou público, pobre ou rico, rural ou urbano. Não é uma simples questão de estética.

Cresce no mundo a execução de projetos elaborados por profissionais formados nas escolas de arquitetura e urbanismo. São casas, prédios, condomínios, bairros, cidades. A sustentabilidade ambiental e a harmonia com a natureza são obrigatórias. As crises advindas das alterações climáticas – desabastecimentos de água e energia, secas e inundações – indicam que num futuro próximo milhões de pessoas podem se tornar retirantes, se não forem tomadas providências eficientes. Ninguém está fora desse risco.

Aos poucos, vamos aprendendo que precisamos captar água das chuvas, aproveitar a luz do sol para iluminação, aquecimento e eletricidade, ocupar espaços com jardins e hortas, separar o lixo para as reciclagens. Precisamos modificar nossas casas, nossas cidades, nossos comportamentos. Precisamos nos remodelar por fora e por dentro de nós mesmos. Mais uma vez, precisamos optar pela evolução para evitar a decadência.

Comentários