Produtividade

Reginaldo Villazón

A produtividade é medida pela relação quantitativa entre a produção obtida e os fatores de produção utilizados. Ela expressa a eficiência dos fatores de produção. Por exemplo. Uma equipe de 10 costureiras confecciona 150 camisas por dia de trabalho. A relação entre a quantidade de camisas produzidas (150) e a quantidade de costureiras utilizadas (10) mostra a produtividade de "15 camisas por costureira por dia de trabalho". Treinamentos, pausas de descanso e mudanças técnicas podem melhorar a produtividade.

Percebemos que a produtividade é um conceito simples, porém de muito valor. Vamos imaginar um grupo de homens primitivos. Antes, transportando blocos de pedra com o uso de troncos de árvores. Depois, transportando blocos de pedra com o uso de rodas de madeira. A introdução das rodas reduziu a mão-de-obra e o tempo gasto. O novo sistema de transporte melhorou a produtividade. Apesar disso – hoje, muitas vezes –, a palavra produtividade nos causa um desconforto difícil de ser evitado.
Não é por acaso. Muitos de nós fomos vítimas ou expectadores do "assédio moral", o constrangimento imposto por chefes autoritários nos ambientes de trabalho, cobrando dos subordinados o alcance de metas absurdas em nome da produtividade. A televisão exibiu queixas de jovens operadores de telefonia, a serviço de grandes empresas, ameaçados pelos chefes em nome da produtividade. Infelizmente, o mau uso da produtividade tem sido tamanho que fez nascer a expressão: "A farsa da produtividade".

Há questões que precisam ser pensadas. Casos comuns. Pecuaristas que possuem vacas leiteiras de baixa produtividade, visando melhoria, fazem substituição por vacas leiteiras de média produtividade. Depois, substituem estas por vacas leiteiras de alta produtividade. Entram em dificuldades, mudam de atividade. O motivo é simples. Animais de alta produtividade consomem mais alimentos, exigem rações caras e muitos medicamentos. Casos semelhantes foram estudados em grandes lavouras, como milho e soja.

Na economia rural, a busca obstinada pela produtividade tornou os agropecuaristas reféns dos fornecedores de insumos e os consumidores dependentes de alimentos envenenados. Na economia urbana, ao longo do tempo, o aumento de produtividade pouco beneficiou os trabalhadores, tanto em redução de horas de trabalho como em aumento de salários. Pior, aumentou o desemprego. E dilatou a riqueza dos mais ricos. O discurso mal intencionado é bem conhecido: elogios à produtividade, delongas à distribuição de renda.

Os jovens, em especial, são alvos de tais discursos. Afirmam-lhes que, se não forem rápidos e produtivos, não serão competitivos não terão sucesso. Ninguém diz a eles que o país tem obras públicas e privadas mal projetadas, mal executadas. Documentos mal elaborados em tramitação sem sucesso nos expedientes públicos e privados. Desperdícios enormes no trânsito das cidades, por falhas públicas e privadas. Mas os artistas são bons exemplos. Eles treinam suas artes todos os dias, anos a fio até atingir o nível almejado e fazer sua estrela brilhar.

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