Escolhas

Reginaldo Villazón


 


Muitas pessoas acreditam que as escolhas que fazemos na vida são livres. É evidente que, para haver escolhas livres é preciso haver plena liberdade. Os filósofos discutem há séculos a liberdade e não conseguem responder a muitos argumentos que negam a existência dela. Os estatísticos chegaram a uma conclusão definitiva, usando a matemática para medir o tamanho da liberdade nas escolhas. Para eles, o grau de liberdade nas escolhas é = (n - 1), ou seja, igual ao número de possibilidades menos uma.

O fato das escolhas não serem livres – ou serem parcialmente livres – não anula a importância do seu estudo e do seu uso como ferramenta de desenvolvimento. As escolhas envolvem certezas, dúvidas, impulsos, riscos, expectativas, êxitos, frustrações e outros elementos que possam estimular o desenvolvimento humano. Pais e mães agem neste sentido. De início, não permitem escolhas aos filhos pequenos. Porém, na medida em que os filhos se desenvolvem, os pais vão ampliando a oferta de escolhas aos filhos.

As escolhas são fundamentais nos estudos de economia. Governos centrais, regionais e locais fazem escolhas. Empresas, entidades sociais e cidadãos fazem escolhas. Cada qual tem sua realidade, sua lógica, seu objetivo, sua amplitude de escolha. A idéia geral é tirar o melhor proveito das escolhas, mesmo reconhecendo que: "quem pode mais, escolhe mais; quem pode menos, escolhe menos". Pensando no coletivo, as escolhas de todos se interagem e podem adquirir o poder de acelerar o desenvolvimento da nação.

Isto é verdadeiro nas democracias. Para comparação, vejamos como funciona a economia e as escolhas nas ditaduras. Os governos autoritários determinam a fabricação de tais produtos, tais modelos e tais quantidades. E os preços de venda são prefixados. Desta maneira, os consumidores vão adquirir os produtos nos pontos de venda, onde têm reduzidas oportunidades de escolha. As pessoas ficam sem poder exercitar o senso crítico, tornam-se incapazes de exigir e sugerir inovações.

Nas democracias, no exercício diário das escolhas, as pessoas acertam e erram. Mas com o tempo passam a tomar melhores decisões para si mesmas e para o país. Os agricultores aprendem que é vantajoso comprar um trator novo e só depois comprar uma camionete nova. Os jovens percebem que é melhor se dedicarem aos estudos do que às baladas. Assim, a vida fica melhor para todos. Eis aqui, enfim, a questão crucial. Se nossas escolhas não são (nem precisam ser) livres, a que forças devemos subordinar nossas escolhas?

A ignorância, a ansiedade, a ambição e os apelos da propaganda são péssimos mentores para as escolhas. Em compensação – conforme testes que os economistas aplicaram em pessoas de várias idades – a educação e a cultura exercem efeitos espetaculares nas escolhas diante da vida. Eles detectaram que a educação e a cultura influenciam as escolhas com mais intensidade quando adquiridas desde a infância, dentro de casa, depois na escola e na sociedade. Educação e cultura são os dois fatores essenciais para desenvolvimento e a felicidade dos povos.

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