Integração

Reginaldo Villazón

Desde o advento do homem na Terra, a população humana cresceu discretamente por 200 milhões de anos até chegar ao primeiro bilhão de pessoas em 1.802. Daquele ano até hoje (213 anos), a população cresceu rapidamente até atingir os atuais 7,3 bilhões de pessoas. O processo socioeconômico de globalização – acelerado nas últimas décadas pelas tecnologias de comunicação e transporte – não fez do mundo uma aldeia global. Porém, já não é mais possível conceber a imensa população mundial fragmentada em países apartados.

Ainda que cada grupo humano tenha suas raízes fincadas num lugar – sua comunidade –, cumpre a tarefa de acessar as diversidades em agitação no mundo. Pois, querendo ou não, sua comunidade é parte dessa dinâmica total. Um exemplo. Há regiões do mundo em que a taxa de natalidade gera aumento populacional persistente. Outras regiões em que a taxa de natalidade não é suficiente para recompor a população. Naturalmente, as primeiras se tornam origens e as segundas se tornam destinos de jovens migrantes.

Sem dúvida, neste mundo de 7,3 bilhões de pessoas nem tudo são flores. Existem, sim, problemas graves a serem enfrentados. Eles têm particularidades em cada região, mas podem ser compreendidos e solucionados de acordo com suas realidades. Felizmente, há informações e experiências que permitem ter a certeza de que tais desafios são também boas oportunidades. Talvez, a melhor lição desta verdade seja dada pelo que é mais desprezível: o lixo. O uso de tecnologias e cadeias produtivas faz o lixo virar riqueza.

Uma questão relevante diz respeito à juventude. Os jovens no mundo carecem de mais atenção do que ora recebem. Rapazes e moças na adolescência enfrentam problemas relativos a segurança, saúde, sexualidade, educação, qualificação, trabalho e renda. Muitas vezes, a falta de apoio os obriga a enfraquecer os laços familiares e encarar riscos graves. Programas sociais bem conduzidos – que congregam e promovem os jovens – mostram que eles são uma parcela de importância fundamental ao desenvolvimento das comunidades.

Outra questão relevante se refere aos idosos. A situação deles no mundo é difícil. É comum que tenham a saúde debilitada. Que tenham renda mínima ou nenhuma renda. Que vivam afastados dos familiares, dependentes de terceiros. Mas isto está errado. Os idosos não são um peso para a sociedade. Eles deram à sociedade a justa quota do seu trabalho. Eles consomem bens e serviços como todos os cidadãos, estimulando a a economia. Nas regiões mais avançadas do mundo, eles têm boa renda e boa qualidade de vida.

A integração de parcelas sociais marginais – como dos jovens e dos idosos – não pode ser confundida com problema ou benevolência. Ela faz parte dos desafios e oportunidades de evolução que o mundo hoje oferece. A comunidade em que vivemos pode ser pequena. O que importa é o tamanho das nossas aspirações. Na busca do desenvolvimento, devemos pensar em integrar todas as camadas sociais na realidade socioeconômica local. Isto exige mudanças nas prioridades da população e na formulação dos projetos públicos.

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