Negócios

por Reginaldo Villazón

Depois da crise financeira de 2008 – que teve início nos Estados Unidos e se alastrou pelo mundo –, os economistas não tiraram os olhos do sistema financeiro internacional. Foi possível conhecer como as instituições financeiras, nas últimas décadas, surfaram com êxito as ondas do chamado neoliberalismo. Elas se capacitaram através de fusões e reestruturações para atuar em nível internacional como um organismo econômico na busca do lucro ilimitado e na conquista da supremacia sobre os outros poderes.

Este ano, foram divulgados fatos econômicos alarmantes. Durante a crise de 2008, governos europeus assumiram contratos de dívidas privadas "podres" para aliviar 28 grandes bancos desses contratos de difícil recebimento. Bom para os bancos, ruim para os cidadãos europeus que até hoje são penalizados com a austeridade dos seus governos. Em 2012, a soma dos balanços desses 28 bancos (50 trilhões de dólares) foi superior à dívida pública global (49 trilhões de dólares). Os bancos jogam alto.

Esta semana, foi veiculada notícia sobre o uso do poder econômico no topo do mundo. A Organização das Nações Unidas (ONU) – que reúne a quase totalidade dos países do mundo – é manipulada por empresas transnacionais, algumas das quais violam abertamente normas éticas da organização. Foi esta a conclusão de um estudo internacional. As grandes empresas associadas à ONU desfrutam de visibilidade e acesso direto às maiores autoridades do planeta. Assim, influenciam decisões e favorecem seus próprios interesses.

O exercício do poder é normal nas relações humanas, mesmo havendo harmonia. Por algum motivo (força, coragem, habilidade, magnetismo), um indivíduo exerce influência sobre o outro. Intelectuais, como o alemão Max Weber, descrevem tipos de poder exercidos nas sociedades, como: econômico, ideológico e político. Mas o assunto é vasto. Os historiadores afirmam que o segundo maior império da história – o Império Mongol (1206 a 1368) – foi conquistado pela habilidade dos mongóis no uso do cavalo.

O poder econômico sempre existiu, não na grandeza assustadora de hoje. Ele permitiu, outrora, que outros poderes e valores se manifestassem. O respeito dos trabalhadores aos mestres, a vaidade de vestir o uniforme profissional, a honra pelo emprego e o carinho pelo produto elaborado não eram aniquilados por conceitos econômicos. Marceneiros mostravam com orgulho a sua produção. Agora, é só negócio. Famílias se reuniam com seriedade para o culto cristão no lar. Agora, elas compram benefícios de Deus pela televisão.

É complicado viver fora das tendências vigentes. Mas é bom não crer que o aumento da produtividade vá gerar riqueza, trabalho e renda para todos. É bom não ignorar que hoje se trava uma luta, dos que desejam o poder democrático participativo contra os defensores do poder econômico das corporações internacionais. Cedo ou tarde, os ventos mudam de direção. As tendências se alteram. Vai chegar a hora de abandonar a turbulência do trecho ruim da estrada e avançar por outro melhor pavimentado.

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