Enigmas

por Reginaldo Villazón

A esfinge é uma figura encontrada nas mitologias do Egito e da Grécia. A conhecida Grande Esfinge de Gizé – imponente estátua com corpo de leão e cabeça humana, esculpida em pedra calcária – é considerada uma guardiã dos templos, pirâmides e cemitérios do Planalto de Gizé, próximo do Cairo, capital do Egito. Por sua vez, a lenda do Enigma da Esfinge teve origem na Grécia. Ela foi narrada na famosa tragédia de teatro "Édipo Rei", escrita por Sófocles em torno do ano 427 antes de Cristo.

O personagem mítico Édipo – filho do rei Laio e de Jocasta – chegou de viagem às portas da cidade de Tebas. Ali, uma Esfinge lançava um desafio a todo viajante que dela se aproximava: "Decifra-me ou devoro-te". Ela estrangulava quem errava a resposta ao enigma: "Que criatura tem quatro pés de manhã, dois ao meio-dia e três à tarde?" Édipo deu a resposta certa: "É o ser humano! Engatinha quando bebê, caminha sobre dois pés quando adulto e anda com a ajuda de uma bengala na velhice". A esfinge se matou.

Aqueles povos antigos sabiam demais. Eles se comunicavam com seres galácticos? Ou eles mesmos eram galácticos? Até hoje, seus conhecimentos rendem reflexões surpreendentes. O Enigma da Esfinge é perfeito para explicar a realidade humana diante dos desafios da vida. Como se sabe, a vida tem altos e baixos, fases boas e más, períodos de paz e de turbulência. Os tempos bons pedem tranqüilidade. Mas as crises, estas sim, revelam-se como esfinges que lançam o desafio cruel aos viajantes: "Decifra-me ou devoro-te".

É fácil dar um exemplo. O Brasil passa hoje por uma grave crise política e econômica. Há corrupção, politicagem, pedaladas, especulação, inflação, recessão, desemprego. Juristas dizem que não existe motivo para o impeachment da presidente. Outros, dizem que sim. Analistas políticos são contra o impeachment. Outros, a favor. Tem quem deseje a volta dos militares ao poder. Outros, não. E assim o povo brasileiro, mesmo sem perder a confiança no futuro, fica se perguntando como toda essa enrascada acabar.

Mas – como uma esfinge – a crise está desafiando os governantes: "Decifra-me ou devoro-te". É preciso decifrar os enigmas desta crise para tomar as providências certas e solucioná-la. Se não, a crise vence, há o estrangulamento. O desafio está lançado a todos os governantes e seus partidos. Uma questão crucial é a dívida pública de R$ 2,6 trilhões. O Jurômetro Fiesp Ciesp – na internet – já marca que este ano o governo pagou mais de R$ 400 bilhões de juros. Isto merece uma resposta à altura.

Os governantes terão que mostrar bons resultados ou sofrer o desgaste político, a crítica da população, a rejeição eleitoral. As manobras políticas, os debates vazios, os argumentos incoerentes vão resolver nada. Tudo pode acontecer. É possível que Dilma Rousseff, o PT e seus parceiros políticos se sagrem vencedores. Mas é possível que sejam estrangulados e devorados. Cabe ao eleitor acompanhar os fatos. Mas ficar atento à sua própria vida, à necessidade de dar boas respostas aos desafios que as dificuldades exigem.

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