Os bancos já foram considerados improdutivos, no pensamento econômico clássico, porque eles nada produzem que sirva de utilidade direta às pessoas. Em especial, eles trabalham com dinheiro, cuja serventia essencial é permitir a compra e venda de bens e serviços. Os bancos surgiram com o comércio e se fortaleceram com o capitalismo. Diversificaram e refinaram suas operações até formar o influente sistema financeiro. Por sua importância, é certo que o sistema financeiro vai estar presente na economia pós-capitalista.
Hoje, muitas vozes anunciam mudanças dramáticas no mundo. Profetas, cientistas e ativistas aguardam profundas alterações planetárias, mas com a esperança de alcançar um mundo melhor depois das tormentas. Parece que eles têm razão, inclusive quanto à época: a partir deste século XXI. A população mundial é grande – 7,2 bilhões de pessoas – e não tem senso para cuidar do planeta e sobreviver até o fim do século (85 anos). Analistas financeiros engrossam o coro de vozes: pode haver graves crises financeiras.
Há poucos anos, vimos como uma crise financeira pode evoluir. Bancos dos Estados Unidos emprestaram dinheiro a clientes que não tinham boa capacidade de pagamento, mas colocaram suas casas como garantia dos empréstimos. Porém, o mercado imobiliário entrou em recessão, o valor dos imóveis caiu e assim a garantia dos empréstimos ficou insuficiente. Prejudicados, os bancos cessaram os financiamentos. Os compradores de imóveis sumiram. A crise (imobiliária e bancária) afetou o emprego, a renda e o consumo no país.
Esta recessão econômica, eclodida em 2008 nos Estados Unidos, afetou o mundo. Grandes bancos anunciaram prejuízos bilionários. Empréstimos hipotecários, comprados na forma de títulos de crédito por outros bancos, também deram prejuízos. Os negócios e o comércio sentiram os efeitos. Bancos, corporações e bolsas de valores do mundo sofreram perdas. Foi possível ver que hoje o sistema financeiro e a economia estão interligados em nível mundial. Tal como grandes ondas, a recessão atingiu a economia global.
Agora, os analistas financeiros se inquietam com os "derivativos de crédito" em poder dos bancos – os contratos efetuados com base em variações de juros, câmbio, preços de ações e outros –, no valor de 1,50 quatrilhões de dólares (20 vezes a economia mundial). Ao lado disso, há muitos países endividados – como Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, China, Japão, Itália, Holanda, Espanha – e isto pode trazer dificuldades sérias, como a necessidade de aumento de impostos, corte de benefícios sociais e paralisação de investimentos.
Caso esta bomba-relógio econômica detone – dizem os analistas –, o tamanho da crise vai fazer a recessão de 2008 parecer um piquenique. Portanto, não faltam motivos para temores e esperanças neste século, ainda que uma terceira guerra (nuclear) passe longe. Os governantes e os povos continuam tendo boas oportunidades de treinar a solidariedade e o respeito, promover os oprimidos, acolher os refugiados, integrar os diferentes, zelar dos animais, preservar a natureza. Pois esta é a tarefa que de fato importa ao ser humano: a sua civilização.
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