Política pública, por Reginaldo Villazón

Em 50 anos, a agricultura orgânica ganhou espaço e importância no mundo. Ela ainda é pequena em relação à agricultura convencional – em área ocupada e produção –, mas já adquiriu prestígio de beneficiar a saúde, o meio ambiente e a ética. Por isto, ela não pára de somar novos estudiosos, produtores e consumidores. Os estudiosos relatam que os alimentos orgânicos são ricos em nutrientes de alto valor biológico. Os produtores e consumidores afirmam que é fácil perceber a melhor qualidade dos alimentos orgânicos.

Ninguém duvida que a vitamina C fornecida por alimentos orgânicos tenha maior poder de penetrar nas células e nelas se manterem em maior concentração, protegendo a saúde do consumidor. Ninguém discute que o leite orgânico tenha níveis mais elevados de ômega-3 e ômega-6, importantes à saúde do consumidor. Ao mesmo tempo, todos sabem que os alimentos orgânicos não expõem o consumidor à ingestão de pesticidas e outras substâncias nocivas (como os nitratos), ainda que em quantidades residuais.


"As pessoas que consomem alimentos orgânicos são saudáveis?" Não há uma resposta definitiva a esta questão. Mas os cientistas constataram que vacas e galinhas, criadas em sistema orgânico (consumindo apenas alimentos orgânicos), tinham sistema imunológico mais forte, resistiam mais às infecções e se curavam mais rápido após os tratamentos recebidos. Mais tarde, 70% de um grupo de 566 consumidores orgânicos responderam aos cientistas que obtiveram efeitos altamente positivos na saúde, provenientes da alimentação orgânica.

Apesar disso, a agricultura convencional vai bem. Faz uso intenso de produtos químicos – corretivos, fertilizantes, herbicidas, pesticidas – e comemora recordes de produtividade e produção. Seus argumentos são simples e diretos. "A agricultura convencional é mais eficiente. Ela produz mais em menos terra. Ela é mais lucrativa. Ela pode produzir o suficiente para matar a fome do mundo. O consumidor deve escolher entre ingerir agrotóxicos ou morrer de fome." E assim, a maioria dos produtores rurais permanece convencional.

Respostas foram dadas por autoridades científicas. A agricultura convencional, baseada na monocultura e do uso intenso de produtos químicos, é um caminho que termina num colapso. A agricultura orgânica é viável, sustentável e produtiva em todas as regiões do planeta. Ela se adapta a diversas condições de clima, terra e tecnologia. Melhora a terra, respeita a diversidade e resiste mais às intempéries. Sua ação não degrada a natureza e não polui as águas. Com ela, há trabalho seguro, renda digna e alimentos saudáveis.A sociedade contemporânea busca qualidade de vida e isto já é suficiente para colocar a agricultura orgânica na condição de política pública. Relatórios médicos alertam que mais hospitais e maiores gastos com saúde não vão garantir vida longa e saudável à população. Boa alimentação, exercícios físicos e contato com a natureza são indispensáveis. De fato, há este problema político de responsabilidade de toda comunidade. Mas este é também um belo caso de solução de muitos problemas culturais, sociais e econômicos.

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