O Papa na América Latina, por D. Demétrio Valentini

 
Neste domingo o Papa inicia sua viagem pela América Latina. Passará pelo Equador, pela Bolívia e pelo Paraguai.
Com tantos países desejando contar com a presença do Papa Francisco, necessita explicação a escolha destes três países.
É característica deste papa ressaltar o simbolismo daquilo que ele faz ou deixa de fazer. Também suas viagens se inscrevem nesta intenção de universalizar os seus gestos, destacando o significado de suas iniciativas.
Neste contexto, parece evidente que o Papa fez uma escolha proposital. Ele privilegiou os três países mais pobres da América Latina. Outras visitas ficam para depois.
"Primeiro os pobres"! Este o recado que logo deixa para a política, para a economia, e para a Igreja também.
Mais que geograficamente, esta viagem se situa na sequência da definição de um surpreendente pontificado.
Lembramos a primeira de todas as viagens do Papa Francisco, poucos meses depois de eleito. Foi o memorável encontro mundial da juventude, no Rio de Janeiro. Aquela viagem já estava agendada, por Bento 16, e precisou ser assumida pelo novo papa, como primeiro grande desafio para a sua missão de "bispo de Roma", como ele insistia em se identificar. Superou o teste, surpreendendo a todos pela sua simplicidade, e ao mesmo tempo pela desenvoltura ao enfrentar os variados compromissos que tinham sido colocados em sua agenda.
Depois do Rio, todos esperavam por Buenos Aires, imaginando que o Papa retornasse ao seu país, de onde tinha saído como Cardeal, e não tinha mais voltado para casa.
Mas, não! Até hoje não está marcada a viagem para o seu país, a Argentina. Ele deixa bem claro que a prioridade absoluta é cumprir sua missão, relativizando seu compreensível desejo de se reencontrar com seus compatriotas. Tanto mais eles o receberão com respeito e admiração, que ele decidir visitar seu país, não mais como Cardeal, mas como Papa.
Voltando agora para a viagem desta semana, percebemos uma agenda muito carregada de compromissos, que se refletem nos mais de vinte pronunciamentos já marcados. Repartidos de tal modo que sejam destinados aos interlocutores diretos que ele terá pela frente, e ao mesmo tempo válidos para os três países visitados, para os outros países da América Latina, e afinal para toda a Igreja.
Entre os diversos encontros já previstos, alguns se destacam, pela evidente intenção de ampliar seus destinatários.
Na Bolívia, por exemplo, o Papa terá um encontro com os diversos movimentos sociais, dando seguimento ao encontro já realizado em Roma, tempos atrás, com alguns representantes desses movimentos, que pela primeira vez recebiam um apoio tão explícito da parte da Igreja. Desta vez, na Bolívia, a presença será certamente muito mais ampla.
Diante da crescente autoridade moral do Papa Francisco, o mundo acompanhará com muito interesse os passos que o levarão nesta semana ao encontro dos povos do Equador, da Bolívia e do Paraguai.
Desde a noite em que apareceu como novo Papa na sacada da Basílica de São Pedro, ele continua pedindo orações. Que Deus o acompanhe nesta viagem, e que suas mensagens sejam bem acolhidas por todos!

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