Depois da crise, por Reginaldo Villazón

Previsões de crises existem desde os tempos bíblicos. Acreditar ou não nelas, esta é uma questão de cunho pessoal. Revendo a história humana, é fácil constatar que houve muitas previsões e muitas crises, porém desconectadas na maioria das vezes. O mundo ainda tem fragilidades suficientes para não conseguir evitar novas crises, como terremotos, secas, guerras, epidemias, escassez de alimentos, caos financeiro, desemprego em massa.

Analistas de assuntos esotéricos, políticos e econômicos anunciam que hoje o mundo está próximo de uma grande crise econômica. Alguns deles são mais precisos: a crise que teima em não deixar o mundo em paz vai se intensificar até explodir em 2006. As justificativas estão na interpretação de profecias de Nostradamus, na análise de ações políticas dos líderes mundiais e no exame de dados econômicos de países importantes. Tudo muito inquietante.

Esta semana, a presidente Dilma Rousseff, que costuma colorir a realidade, disse que a marola da crise mundial de 2008 virou onda. De fato, a economia brasileira está crítica. O governo gasta mais do que arrecada, o comércio exterior está deficitário, a inflação e os juros estão altos, a produção industrial diminui, o comércio vende menos, o desemprego aumenta, a população se endivida, a corrupção produz prejuízos, a economia não cresce.

No mundo, a crise financeira que começou nos Estados Unidos em 2008 ainda não foi superada. Dívidas públicas elevadas são entraves econômicos poderosos. O Japão e os Estados Unidos têm dívidas públicas superiores aos seus PIB. O conjunto dos países da Zona do Euro tem 91,90% de dívida pública em relação ao PIB. O Reino Unido 89,40% e o Canadá 86,51%. O pagamento dos juros prejudica a saúde financeira e atenua o crescimento econômico.

Para os especialistas em economia brasileira, 2015 é visto como um ano pouco animador. A dívida pública crescente – hoje, em torno de 60% do PIB –, as medidas de arrocho fiscal e o baixo crescimento econômico contribuem para dificuldades. Em 2016, o país deverá passar por situação pior até reagir no fim do ano. O desempenho da economia mundial será melhor, mas com o risco de faltar recursos nos bancos centrais dos países endividados.

Sem dúvida, uma crise financeira em bancos centrais teria conseqüências desastrosas em todo o sistema financeiro mundial. Haveria uma quebradeira na economia global. Felizmente, há quem entenda que a crise vindoura não chegará a tanto. Mas alerta para a necessidade dos governos e pessoas alterarem seus focos sócio-econômicos.

Depois da crise, as atividades mais promissoras serão educação, saúde, desenvolvimento social, agricultura sustentável, preservação ambiental, fontes limpas de energia e outras de categorias parecidas. Ou seja, mais importante que a crise será "depois da crise".

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