Alternativas, por Reginaldo Villazón

O fim do confronto entre os países capitalistas e os países socialistas, assinalado em 1991 com o esfacelamento do bloco de países socialistas soviéticos, parecia ser uma solução definitiva para o desenvolvimento sócio-econômico do planeta. Enfim, sagrava-se vencedor o capitalismo democrático encabeçado pelos Estados Unidos. No campo ideológico oposto, o socialismo autoritário da União Soviética entrava em colapso irreversível.

De fato, a grande experiência socialista soviética no século XX mostrou-se ineficiente. Os bens de produção na agropecuária, na indústria e nos serviços eram públicos e não privados. Os trabalhadores eram servidores públicos. O governo planejava e controlava a produção e o consumo. Não havia espaço para ganância, exploração econômica, acumulação de riqueza, geração de ricos e pobres. Mas a ineficiência era tanta que produzia crises agudas.

Já o capitalismo praticado nas democracias, com todos os seus defeitos (inclusive morais) – provocando guerras, crimes ambientais, migrações e miséria –, conseguiu se mostrar como um mal menor, como um sistema econômico menos ruim. Porém, hoje existem muitos grupos de pessoas conscientes que criticam a desordem econômica mundial e percebem que este sistema econômico empurra a humanidade para o abismo da degradação ambiental.

O cenário mundial é mesmo grave. Praticamente, os 7 bilhões de habitantes do planeta vivem no sistema capitalista. A maioria é pobre e um bilhão vive na miséria. E, nas próximas décadas, milhões de refugiados vão se deslocar por motivos ambientais e guerras, em busca de recursos básicos para viver. Há alternativas melhores ao sistema capitalista?

Olhos atentos perscrutam a China. Este país cresce forte sua economia, evolui sua tecnologia, melhora sua educação, incorpora no mercado de trabalho e no consumo milhões de pessoas por ano. Seu sistema sócio-econômico – um socialismo de mercado – é único. O regime político é autoritário, o governo é exercido pelo Partido Comunista Chinês. As terras e grande parte do capital das empresas chinesas são públicas. Mas há empresários capitalistas chineses e empresas capitalistas estrangeiras que fabricam e exportam seus produtos para o mundo.

Outro socialismo de mercado é o velho modelo cooperativo, que ganha destaque com vantagens dentro do mundo capitalista. Este modelo econômico de produção favorece a estabilidade e a eficiência. O capital nas mãos dos trabalhadores é gerido democraticamente. A empresa não é obrigada a crescer continuamente para gerar lucros e satisfazer acionistas. É suficiente garantir trabalho e renda aos participantes. A eficiência está ligada ao grau de qualificação dos trabalhadores e na cultura cooperativista.

O maior grupo empresarial hoje, líder no modelo socialista de mercado cooperativista, é a Corporación Mondragon, fundada no País Basco/Espanha. Possui unidades empresariais em 20 países e mais de 80 mil funcionários. É citado como uma das melhores companhias para se trabalhar na Europa. Este e outros casos exemplares indicam que o futuro vai exigir democratização do capital, maior qualificação e participação dos trabalhadores, bem como a transparência de todas as estruturas econômicas para a sociedade.

Comentários