Consciência, por Reginaldo Villazón

Assistir televisão, buscando entretenimento e informação, proporciona experiências desagradáveis. Os noticiários vêm recheados de notícias ruins, os programas policiais exibem barbaridades e os informativos especiais anunciam tragédias. Parece que o ser humano perdeu o controle da própria vida, não consegue segurar seus instintos inferiores, não consegue agir com responsabilidade, não consegue solucionar problemas.

A vida humana perde o seu valor diante da violência instalada, perde o seu rumo diante do descaso político, perde o seu vigor diante da exploração econômica. Em complemento, a natureza reage com a força dos ventos, das águas, dos vulcões, dos choques tectônicos. É bem difícil não se deixar afetar, preservando as emoções e os comportamentos. Por isto, as preocupações viram crises existenciais e fugas da realidade.

A idéia de que "eu não vou mudar o mundo" faz muito sentido. Porém, ela gera más conseqüências quando se torna coletiva. Um exemplo. Os brasileiros sabem que o sistema prisional do país é errado, injusto e pavoroso. Cada um pensa e, por fim, todos pensam: "eu não vou mudar isso". Desta forma, o problema fica fora da pauta de reivindicações do povo e fora da agenda dos políticos. Em conseqüência, as prisões continuam formando bandidos que vão roubar e matar os que pensam "eu não vou mudar isso".

Há outra abordagem infeliz desta idéia. As pessoas, por se verem impotentes de mudar as coisas erradas, acabam por aceitá-las como elas são. Ou seja, perdem a convicção em favor do que seria certo. Pior, ainda, muitas pessoas usam justificativas religiosas para afirmar que tudo está certo, que nada está errado, porque tudo deve estar assim até o dia final da transformação. E assim, neste país de 88,8% cristãos, milhões de cérebros e corações ficam sintonizados com o que é errado, como é o caso do sistema prisional brasileiro.

Por sorte, mesmo que não possamos mudar as coisas erradas, devemos trabalhar a nossa subjetividade para desenvolver a nossa consciência. Esta é, e sempre será, uma tarefa individual, promovida dentro de cada um de nós. Reforçando tal antigo ensinamento, Jesus recomendou: "seja o vosso dizer – sim, sim; não, não". Hoje, os cientistas teorizam: "a subjetividade coloca o indivíduo sob leis cósmicas específicas". Fica simples compreender a importância da nossa posição individual, subjetiva, consciencial.

Hoje, por todo o planeta, cresce a esperança de uma transformação radical na sociedade humana. Os esotéricos perscrutam os sinais da Nova Era, os evangélicos anunciam a vinda de Jesus, os ufologistas aguardam a chegada de naves tripuladas por seres intergalácticos. O que tiver de bom para ser, será. Porém, cada pessoa será medida pela sua consciência. Mas, ainda hoje, no tempo presente, já podemos refletir para tomar nossas decisões íntimas e nos manter conectados com outras mentes sintonizadas em ideais superiores de vida.

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