Tratamento ainda pouco conhecido no Brasil pode evitar amputações

 

Thiago Plínio Clenetino de Arruda Moraes (foto com a Dra. Daniela Flores), de 29 anos, quase teve um pé amputado, após tê-lo esmagado por uma carreta em acidente na Rodovia Castello Branco (SP 280), no dia 11 de abril de 2014. Ele conseguiu evitar a perda, após sessões diárias de um tratamento ainda pouco conhecido no Brasil, apesar de amplamente utilizado no mundo todo: a oxigenoterapia hiperbárica.

O caso de Thiago era preocupante, porque o ferimento foi infectado por uma bactéria, desenvolvendo uma doença chamada osteomielite, um tipo enfermidade nos ossos que, se não tratada urgentemente, pode ocasionar a amputação. O pé de Thiago já estava em estado de gangrena (sem vascularização). Os médicos que atenderam o paciente realizaram quatro cirurgias reconstrutoras e, além disto, optaram pela oxigenoterapia hiperbárica, que inibe o desenvolvimento das bactérias, bloqueando a produção de toxinas e ativando a ação dos leucócitos (células sanguíneas de defesa). O tratamento, ainda, auxilia na recuperação dos ossos quebrados. Foram cerca de 90 sessões, no período de três meses.

"O esforço dos médicos foi essencial para que pudesse melhorar da lesão e retornar à vida normal. Saí de um quadro em que meu pé seria amputado, para outro, em que eu posso até trabalhar. Até eu ser indicado para este tratamento, nunca tinha ouvido falar da oxigenoterapia hiperbárica. Toda a recuperação foi um processo desafiador, mas valeu a pena", conta Thiago.

A oxigenoterapia hiperbárica consiste na respiração de oxigênio puro (a 100%), dentro de uma câmara especial pressurizada, que é certificada por órgãos nacionais e internacionais e homologada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O aumento significativo da pressão dentro da câmara faz com que a circulação sanguínea seja ativada e potencialize o processo de cicatrização do organismo. O tempo total do tratamento depende de cada caso, podendo durar semanas ou meses.

O tratamento é aprovado pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995. Em 2010, foi incluído pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no rol de procedimentos com cobertura obrigatória por todos os planos de saúde (incluindo o SUS) para algumas patologias. Para outras, em caso de não cobertura obrigatória, tem tido cobertura determinada pela Justiça.

A terapia com oxigenoterapia hiperbárica, no caso de Thiago, também melhorou a capacidade de transporte dos antibióticos para dentro das bactérias, fazendo com que o medicamento fosse mais efetivo. Segundo Dra. Daniela Flores, da clínica especializada em medicina hiperbárica Oxicenter, alguns antibióticos não penetrariam nas bactérias, se a quantidade de oxigênio no corpo não fosse o suficiente. "Isso acontece com alguma frequência nas infecções, com grande importância na ortopedia, em infecções ósseas, já que o osso é, por natureza, um tecido com pouca vascularização".

Segundo a médica, além de atuar no combate à infecção, a oxigenoterapia hiperbárica ainda reduziu o tempo total de recuperação do paciente. Também foi possível acelerar o processo de cicatrização, tanto das partes moles, quantos das partes ósseas afetadas, pois a respiração com oxigênio a 100% estimulou a osteogênese (processo de formação dos ossos), além de fomentar a formação de novos vasos sanguíneos e de colágeno.

Na área ortopédica, em geral, este tratamento é indicado como procedimento adjuvante, ou seja, utilizado em conjunto com as terapias habituais, como o uso de antibióticos e cirurgias. Dra. Daniela explica que a oxigenoterapia hiperbárica é usada, por exemplo, no tratamento pré e pós operatório dos pacientes que necessitam de procedimentos cirúrgicos como: o debridamento ("raspagem") ou a remoção de fixações metálicas ("placas", "parafusos", entre outros).

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