O ovo dispara, por Reginaldo Villazón

O ovo de galinha é um alimento consumido desde a antiguidade. Quando as galinhas foram domesticadas, a criação de um bando delas no terreiro permitiu a obtenção diária deste alimento saboroso e nutritivo. Na história recente, a produção de ovos se expandiu com a instalação de granjas especializadas. As pessoas passaram a comprar o "ovo caipira" e o "ovo de granja" a preços acessíveis. No cardápio dos pobres, o ovo foi motivo de brincadeiras. Mas ninguém, rico ou pobre, deixou de apreciar o ovo.

A acusação de que o ovo fazia mal à saúde, aumentando o colesterol ruim e as doenças cardiovasculares, foi invalidada por várias pesquisas. Os cientistas constataram que o ovo é uma excelente fonte de vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais. Comer um ovo por dia (sete ovos por semana) é bom e não faz mal. Ele deve estar presente numa alimentação variada e equilibrada, suficiente para garantir o bom funcionamento do organismo e eliminar os riscos de doenças próprias dos costumes alimentares nocivos.

A introdução de técnicas abusivas nas granjas, visando maior produtividade e menor custo, prejudicou a qualidade da produção. O sistema de criação de galinhas, imobilizadas em pequenas gaiolas, as converteu em animais doentes e psicóticos. A composição de rações com restos de frigorífico, antibióticos e outros aditivos fez cair o valor biológico dos ovos. Para os técnicos, o "ovo de granja" mantinha a mesma qualidade do "ovo caipira". Porém, donas de casa e crianças sentiam com facilidade a diferença.

A reação de técnicos, ambientalistas e criadores – contra os abusos praticados nas granjas de aves imobilizadas em gaiolas – fez surgir granjas com sistemas de criação alternativos: granjas de ovo orgânico, granjas de ovo caipira comum, granjas de ovo caipira da galinha francesa Label Rouge, granjas de galinhas criadas livres em pastagens, granjas de galinhas criadas soltas em galpões e outras. Além do respeito ao bem-estar dos animais, adotou-se um rigoroso controle de qualidade sobre rações e medicamentos.

Agora, tecnologias de "enriquecimento do ovo" permitem aos produtores colocar no mercado ovos especiais e aos consumidores escolher ovos de melhor qualidade. Galinhas alimentadas com óleos vegetais, óleos de peixe e algas marinhas produzem ovos ricos em ácidos graxos essenciais (como ômega-3). Alimentadas com ingredientes específicos, produzem ovos ricos em vitaminas (como D e E) e minerais (como Selênio). Assim, o ovo se eleva à categoria de alimento funcional: nutre, mantém a saúde e evita doenças.

O ovo evolui rapidamente no mercado de alimentos. Ovos especiais conquistam espaço dos ovos comuns nas prateleiras do comércio. Suas embalagens coloridas identificam a granja de origem, o sistema de criação das aves, a qualidade da alimentação, a qualidade do produto. A tendência é que sejam comercializados com marca. São mais caros, pois seus custos de produção são maiores. Mas estão ganhando a preferência dos consumidores conscientes, que decidem economizar na compra de itens menos importantes.

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