Como ver cinema, por Reginaldo Villazón

A cerimônia de entrega dos prêmios Oscar deste ano (22 fevereiro 2015), celebrada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, teve surpresa. O Oscar é uma promoção da indústria cinematográfica norte-americana, realizada no famoso distrito de Hollywood, cidade de Los Angeles, Estado da Califórnia. Na competição deste ano – entre os melhores filmes lançados no ano passado –, o grande vencedor foi "Birdman" (Homem pássaro). Sem dúvida, um filme de nacionalidade norte-americana.

"Birdman" foi escrito, produzido e filmado nos Estados Unidos. Ganhou quatro estatuetas: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro original e melhor fotografia. A surpresa, para o grande público, foi saber o nome e a nacionalidade do diretor: Alejandro González Iñárritu, mexicano. Houve reconhecimento do talento de um diretor de cinema com experiência em rádio, televisão e curtas-metragens, cujo primeiro longa-metragem – "Amores perros" (Amores brutos) –, em 2000, abriu-lhe as portas do cinema internacional.

Iñárritu dirigiu atores famosos, como Brad Pitt e Sean Penn. Em 2010, lançou o que muitos consideram seu melhor filme – "Biutiful" – um drama localizado na Espanha, com o ator espanhol Javier Bardem. É um grande filme. Narra a história de um homem atribulado. Ele se sustenta do trabalho escravo de imigrantes ilegais e da distribuição de produtos piratas na cidade de Barcelona, mas sem perder a sensibilidade. Ele suporta a esposa instável e cuida bem dos filhos pequenos, buscando manter sempre a dignidade.

O DVD do premiado "Birdman" ainda não se encontra com facilidade. É uma comédia dramática estrelada por Michael Keaton, que já foi Batman duas vezes. No enredo, um ator que se recusou a continuar vivendo o super-herói Birdman no cinema tenta recuperar a fama com uma peça de teatro. E dramas pessoais acontecem. Eis a virtude do cinema: cinema é arte de contar histórias. Além de ser espetáculo, o cinema exibe histórias humanas – reais ou fictícias – com a força do drama e a leveza da comédia.

Hoje, os cineclubes existem em menor quantidade. Eram ótimos para ver cinema. Porém, está simples e barato assistir filmes em casa, na tela grande da TV com os eficientes alto-falantes estereofônicos. É importante escolher os filmes pela qualidade. Os clássicos, como "Morte em Veneza" (de Luchino Visconti) e "Indochina" (de Régis Wargnier), são magníficos. Os novos, como "O pianista" (de Roman Polanski) e "O segredo dos seus olhos" (de Juan José Campanella), são maravilhosos.

Estes filmes de alta qualidade, muitas vezes desprezados nos circuitos comerciais, devem ser vistos com atenção em família. Devem ser comentados. Eles transmitem informações e sentimentos importantes aos adultos, jovens e crianças. É bom ver neles o trabalho dos cineastas – diretores, redatores, atores e técnicos de diversas nacionalidades –, mostrando o quanto vale a pena trabalhar com carinho no que se faz. Relatos, mundo afora, da prática de ver cinema com atenção em família, registram resultados positivos inesperados.

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