O figo, por Reginaldo Villazón

O desenvolvimento humano acontece de forma variada. Produtos, serviços, práticas, tecnologias, empresas e marcas desaparecem. Isto aconteceu, por exemplo, com as calculadoras mecânicas e eletromecânicas de mesa, muito usadas até a década de 1960. Mas outras coisas sofrem pequenas ou grandes modificações, se atualizam e continuam existindo. A era do rádio passou, mas o rádio não morreu. Nem os marceneiros, alfaiates e sapateiros.
Muitas vezes, novos comportamentos causam surpresa. Jovens freqüentam escolas de música para aprender a tocar viola caipira. Maridos assumem afazeres domésticos com desenvoltura. Esposas se reúnem com as amigas para jogar futebol. Tudo é válido e sadio, porque é feito com responsabilidade e prazer. Isto faz parte da evolução humana. Erra, quem evita tomar estes tipos de atitudes, por preconceito ou preguiça.

Hoje, enquanto há pessoas que fogem de enfrentar o fogão, muitas outras invadem a cozinha para se ocupar com satisfação. Na evolução dos costumes, cozinhar virou arte culinária. Nas lojas de artigos domésticos, é grande a variedade de bons equipamentos de cozinha. Livros e revistas colaboram com informações úteis para o preparo de receitas saudáveis. Assim, a arte culinária evolui no sentido de oferecer cultura, saúde e prazer.

A antiga moda de fazer doces em casa não passou. Mercados e feiras expõem, por exemplo, figos verdes para serem transformados em doces. Pessoas compram e fazem, pois esta é uma cultura milenar. Está no Gênesis, na Bíblia, que Adão e Eva cobriram sua nudez com folhas de figueira. Cientistas descobriram, na região do Mar Mediterrâneo, vestígios de figueiras com cerca de 10 mil anos. Há milênios as figueiras alimentam homens e animais.

As folhas da figueira servem como alimento e remédio. Os frutos – verdes ou maduros – têm variada aplicação culinária e rendem vários doces. As vantagens de ser conservado seco e ser nutritivo permitiram aos povos antigos empreenderem longas viagens terrestres e marítimas. O figo hoje é produzido em todo mundo, exceto nas regiões polares. A Turquia, o Egito e a Grécia lideram a produção. Em alguns países, a figueira é árvore sagrada.

Quem tem um espaço para plantar, plante figueiras e as trate bem. Quem deseja usar o tempo livre numa atividade interessante, faça doces de figo. Há receitas diversas, inclusive do famoso Figo Ramy. A mais simples, leva poucos ingredientes: figo verde, açúcar, cravo e água. Acertar na qualidade faz parte do prazer. Servir é uma honra. Degustar é divino.

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