Editorial: Ascensão e queda

Não existe lugar do mundo onde seja possível viver livre de turbulências políticas. Mesmo que as perturbações não tenham origem política, haverá comprometimento político. Se um país passa por uma adversidade econômica, o problema é político. Se uma região tem a água racionada por escassez de chuvas, o problema é político. Quando uma comunidade vê frustradas suas esperanças de progresso, como acontece em Jales, o problema é político.


Por esta razão, política não combina com irresponsabilidade. Nas eleições de 2012, o povo de Jales cumpriu bem os seus deveres. Com o desejo de reavivar o progresso no município, o povo escolheu para prefeita uma jalesense, servidora pública graduada em saúde, escoltada por um bem-sucedido juiz de direito e apoiada por nove partidos políticos.

Desta vez, o caos político-administrativo de Jales não é culpa do povo. O povo soube votar.
O discurso de posse de Eunice Mistilides Silva foi perfeito. Nice disse que ia fazer a coisa certa do jeito certo. Estava selado o seu compromisso com o povo. Mas não foi o que se viu dali em diante. Ela não conseguiu unificar as forças políticas, não formou um secretariado a altura dos desafios, não preencheu todas as secretarias, centralizou o poder em suas mãos, tentou governar o município de modo pessoal e com isso se isolou politicamente.

Em dois anos de mandato, sem a prefeita conseguir cumprir suas promessas, os políticos da situação e da oposição também não conseguiram se articular para evitar que o município perdesse tempo no desalento. Para o povo, a expectativa por uma renovação – que fizesse esquecer os anos obscuros do petismo –, acabou se transformando em decepção, castigando injustamente um eleitorado ansioso pelo progresso de todos.

Agora, a cassação do mandato da prefeita parece fato consumado. Não é mais assunto a ser tratado com relevância a ponto de atrapalhar o futuro. Pois, que ninguém se engane, o caos em Jales é mais sério do que parece. Sair dele para retomar o desenvolvimento que marcou a história do município, desde a chegada dos pioneiros, será uma obra árdua. Não será uma lida exclusiva do novo prefeito. Pensar assim é cometer um grave erro.

Pedro Callado é um homem experiente no serviço público. Jurista, sabe o valor do "processo judicial", um conjunto de práticas legais que são conduzidos com competência para que a justiça se faça sem desvios. Sabe reconhecer bons executivos. Esta experiência deve ajudá-lo a realizar o trabalho mais importante do seu governo: montar a sua equipe. Seu chefe de gabinete e seus secretários precisarão ser bons executivos.
 
A articulação política para enfrentar os problemas terá que ser praticada em nível local, mas envolvendo autoridades estaduais. Quem se fechar no partidarismo político vai se isolar. Os que se abrirem para cooperar, visando o progresso geral, vão ser vistos e aprovados pelo povo. A campanha eleitoral de 2016 não demora e será importante. Ela marcará o início de um período inteiro de trabalho para legisladores e administradores municipais.

 
 



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