Drones, por Reginaldo Villazón

Quando o cineasta brasileiro José Padilha aceitou dirigir o quarto filme da famosa série RoboCop – lançado em 2014 – sua idéia foi realizar uma obra que provocasse questionamentos políticos. O filme – uma ficção de ação com época em 2028 – mostrou o uso intensivo de drones (teleguiados aéreos) e robôs (máquinas terrestres) em operações de combate civis e militares. Deixou no ar a questão: as operações realizadas com máquinas armadas, sem a presença local de agentes humanos treinados, podem ser seguras para as comunidades?
Na vida real, os drones se multiplicam – por enquanto desprovidos de armas – nas atividades de segurança pública e espionagem militar. O fato de não transportarem piloto lhes permite ser pequenos e leves. Assim, são capazes de carregar pequenas câmeras de grande resolução e voar por muitas horas com custo reduzido. Podem voar como aviões ou helicópteros. Os norte-americanos e ingleses usam drones armados nos países árabes, mas fazem isto com restrição e sofrem pesadas críticas.
A polícia federal brasileira utiliza um drone de vigilância desde 2010, adquirido de um fabricante israelense. É um avião de 9,3 metros de comprimento por 16,6 metros de envergadura. Voa por 37 horas, cobrindo uma extensa área. A 10 Km de altitude, filma, fotografa e transmite imagens com nitidez. Já ajudou a monitorar os movimentos de traficantes nas fronteiras. Foi aprovado em uso noturno, na cidade do Rio de Janeiro, quando acompanhou os movimentos de criminosos com câmeras infravermelhas.
Mas as mudanças a acontecer nas forças armadas são muito maiores. Líderes de vários países já declararam que as operações de segurança interna e externa não são as mesmas de antigamente. As ações policiais de segurança interna, na captura de criminosos, têm feições de guerra. E as guerras hoje em curso no mundo não confrontam tropas em campo de batalha, mas envolvem civis e militares misturados no caos urbano. É inviável convocar e treinar um grande número de combatentes para cobrir as necessidades de segurança dos países.
Os militares exerceram grande influência na história política das nações. Sua participação, valorizando a ordem institucional, minguou. O patriotismo perdeu muito valor, as guerras perderam a graça até nas telas de cinema. Mas a paz interna e a defesa do território nacional não podem ser negligenciadas. Uma transformação precisa ser feita nas forças armadas. A profissionalização dos militares, em capacidades e atribuições modernas, precisa restituir a eles o prestígio de que desfrutavam antigamente.
Não se trata de desejar a volta dos militares ao poder. Mas, observando hoje o cenário dos países sul-americanos, chega a ser desolador. A desordem e a falta de comando travam o progresso e matam as esperanças das populações. O Brasil está nesta situação, parecendo que se desfaz em pedaços. Gente de todo estrato social deve evoluir e contribuir com o país. Tudo precisa se modernizar, melhorar. Todos precisam dar sua boa participação.

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