O Método Intuitivo, de Johann Heinrich Pestalozzi, pedagogo

  1. Pioneiro na reforma da educação, a mais de dois séculos, afirmava que o termo intuição não pode ser confundido com percepção simplesmente.
     
  2. O processo denominado intuição corresponde à apreensão do objeto ou fenômeno pelo próprio indivíduo, através de intenso trabalho mental, e não recebendo a resposta pronta.
    Inicia-se através da observação, que inclui olhar, ouvir, tocar, comparar e analisar. Ao mesmo tempo em que observa, a mente busca a compreensão do fenômeno em seu aspecto global. Toda a mente se põe em atividade, utilizando os conhecimentos que já possui para compreender o novo conceito em análise. Assim, antes de obter uma definição, ele compreende o conceito.
    Nada deve ser ensinado verbalmente antes de a criança ter compreendido o real significado do objeto ou do fenômeno.
    Ao iniciar um passeio, a criança entra em contato com a Natureza, observando elementos do reino mineral, vegetal e animal em íntima correlação e interdependência.
    Observa a Natureza "in loco" e não por meio de figuras ou desenhos. Assim, observa o fenômeno em atividade, e a educação se torna vivência.
    Por exemplo, uma planta em crescimento, oferece inúmeros objetos de observação: as raízes fincadas ao solo, recebendo água e sais minerais; a seiva percorrendo o caule e os galhos; a influência do clima e da luz do sol.
    Assim, em contato com a Natureza, a criança conclui naturalmente que a planta depende da terra, da água e da luz do Sol, e que a manutenção da vida depende de um fornecimento constante de energia.
    Ao observar os animais, percebe uma diferença fundamental entre eles e as plantas. Os animais obtêm essa energia através dos alimentos de compostos orgânicos e da respiração.
    Assim, tudo se liga na Natureza.
    Importante no processo de intuição é que a mente é acionada pelo "querer saber" que surge no ato da observação.
    A observação é estimulada, mas não imposta pelo professor. Não é o professor quem faz as perguntas que os alunos devem responder. Se assim fosse, eles buscariam as respostas às questões que lhe foram propostas.
    Pelo contrario, através do passeio surgem em suas mentes: "o que é isso", "como isso funciona". A dúvida que surge da observação leva ao "querer saber", acionando a energia volitiva do ser.
    A mente "sai" em busca das respostas, desenvolvendo a capacidade mental pelo ato de "pensar".
    Tudo o mais que é pesquisado em sala de aula está em consonância com esta busca interna do próprio aluno.
    Se o professor apenas explicar os fenômenos, mesmo com recursos modernos, estará trabalhando muito mais com a memória do que com o desenvolvimento mental, ou seja, com a capacidade de pensar, raciocinar, buscar novas soluções, etc.
    Se o professor fizer as perguntas, o aluno limitará sua busca às respostas àquelas questões.
    A genialidade de Pestalozzi estava em levar o aluno a observar os fenômenos à sua volta e incentivá-lo a buscar as respostas às próprias perguntas que surgiriam em sua mente.
    Portanto o termo intuição não pode ser confundido com percepção simplesmente. Não é um ato de simples percepção, mas de trabalho mental em que o próprio aluno compreende os conceitos, inicialmente através da percepção pelos órgãos dos sentidos, mas que é ato contínuo, um trabalho de ação mental ou, na moderna linguagem de Piaget, de construção mental.
    A educação tradicional é compartimentada, como se existissem "gavetas" com conhecimento de matemática, outras com conhecimento de física, química, biologia, etc...
    O método intuitivo de Pestalozzi trabalha com os conteúdos integrados, como uma rede, em que um assunto se liga a outro, o que permite rápida associação de ideias e a compreensão global de um determinado fenômeno.
    Ideias pinçadas do livro "Pestalozzi – Um Romance Pedagógico/ de
    Walter Oliveira Alves – Araras, SP, IDE, 1ª edição, 2014 – 304 p.
    Pela professora Irene dos Santos Gasparino, docente efetiva da Rede Municipal de Educação de Jales, graduada em Pedagogia, com especialização em Psicopedagogia e Metodologia Didática do Ensino Superior.

Comentários