Mais rigor no trânsito funciona? por José Roberto Duarte


Em ocasiões como esta, quando muda alguma coisa na legislação, envolvendo milhões de pessoas, as opiniões se dividem. No caso do maior rigor na aplicação das multas contra as infrações cometidas no trânsito, as divergências também são muitas. Percebemos que isso acontece tanto entre os motoristas profissionais quanto entre os amadores. Na verdade, todos acabam tendo razão. Maior rigor funciona, mas não muito, senão já teria resolvido com as primeiras mudanças e depois com a Lei Seca.  
Educação também funciona, mas não da forma com que são realizadas as campanhas. Tem que se intensificar. Tem que ter produção dirigida para cada situação, para cada profissão, para cada região. E mais: tem que ser permanente, envolvendo desde a pré-escola até campanhas específicas para os motoristas profissionais e amadores. 
As campanhas funcionariam melhor se tivessem um direcionamento mais adequado, para públicos específicos e fossem melhor elaboradas, incluindo todos os veículos de comunicação, as redes sociais e as empresas, como já vem acontecendo nas escolas.
Esse trabalho também precisa ser direcionado para o estresse, ansiedade, álcool, drogas. Aliás, as campanhas contra o álcool e as drogas também poderiam ser muito mais eficientes, se fossem mais elaboradas, diversificadas e intensificadas.
Quando mexe no bolso, o motorista pode até pensar duas vezes antes de cometer alguma infração, mas também pode criar uma situação de arrecadação que muitos consideram como uma verdadeira indústria da multa. Esta é a interpretação de condutores que vêm nas mudanças mais uma situação de comodismo, pois segundo essa corrente, é muito mais fácil multar que educar. 
Maior rigor pode até funcionar a curto prazo, mas logo os motoristas vão se acostumando, como vem acontecendo, sempre quando acontecem mudanças como esta. A base para uma verdadeira transformação no comportamento dos motoristas pode ser a educação, mas a longo prazo, de forma massiva, sem interrupções.
No caso específico dos motoristas profissionais, a aplicação rigorosa da Lei do Motorista, também conhecida como Lei do Descanso, já é um bom começo para reduzir as mortes nas estradas. *José Roberto Duarte da Silveira, presidente do Sindicato dos Motoristas de Jales e Região

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