Confiança, por Reginaldo Villazón

Neste fim-de-semana (dia 05, domingo), os eleitores brasileiros vão às urnas. Quem já decidiu em quem votar, prepare a "cola" para não errar nem perder tempo na hora do voto. Os cargos são cinco: presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. O eleitor deve contar que o seu voto individual não vai influenciar o resultado final das eleições. Mas ele tem muito valor. Para o eleitor, seu voto é um atributo da sua qualidade como cidadão. Para a nação, seu voto confirma o regime democrático.

A campanha eleitoral tem apresentado muita desigualdade na intenção de votos para os candidatos à presidente da república, ao longo das pesquisas eleitorais. O alinhamento inicial dos três candidatos mais fortes (Dilma, Aécio e Campos) mudou completamente com a saída de Campos e a entrada de Marina, mesmo sem alteração das forças partidárias. As outras pesquisas mostraram grandes oscilações na intenção de votos aos mesmos candidatos. Isto não aconteceria num cenário de boa identidade entre povo e governantes.
Em junho de 2013, massas da população desfilaram em reivindicações nas avenidas de capitais e cidades do interior. As vozes e os cartazes, dirigidos aos governantes, pediam mudanças nas tarifas e na qualidade dos transportes públicos, nos investimentos em educação e saúde, no combate à corrupção. Estes fatos foram exaustivamente mostrados e comentados nos meios de comunicação. Os candidatos a cargos de governo tiveram tempo de se preparar para as eleições de 2014, enfatizando "mudanças" nas suas promessas.
Recentemente (21 a 25 de maio de 2014), ocorreu o contrário de "mudanças" nas eleições do Parlamento Europeu, o importante órgão de legislação e controle orçamentário da União Européia, composta de 28 países. Em resposta à crise socioeconômica, os partidos ultraconservadores conquistaram mais de 100 das 751 cadeiras de deputados. Este retrocesso eleitoral foi sentido como um terremoto e interpretado como uma crise de confiança nos políticos. Foi deste modo que o povo pleiteou mais desenvolvimento e empregos.
É provável que estas eleições de 2014 – na Europa e no Brasil – sejam diferentes apenas nas aparências. O povo europeu optou por uma "volta ao passado" depois de perder a confiança nos políticos. O povo brasileiro ouve as promessas de "mudança", mas está sem saber direito em quem depositar sua confiança. O ditado – "não se ganha confiança com palavras, mas com ações" – mostra o erro dos políticos. Falar que é competente e recitar programa de governo, isto todos fazem e não geram confiança nos eleitores.
O povo brasileiro vai ao primeiro turno de eleições nada decididas. Sabe que os resultados poderão confirmar ou contrariar as pesquisas eleitorais. Que não será possível prever como os vencedores vão exercer os seus cargos. Que todo o acontecido nas campanhas eleitorais será enterrado no passado. Que os impostos serão pagos por todos, mas o progresso vai beneficiar mais uns que outros. Porém, cada cidadão faz parte do todo, mas não é o todo. Por isto, apesar de tudo, vale muito a pena ser um cidadão consciente.

Comentários