Apertem os cintos, por Reginaldo Villazón

O tempo é de escolha eleitoral e o ano não demora a findar. No início de 2015, a nação brasileira vai decolar para mais uma viagem de quatro anos. A tripulação, responsável pela condução da aeronave Brasil, ainda não foi totalmente escolhida. A opção de cada passageiro é contabilizada coletivamente. Quem busca agir com responsabilidade e bom-senso já abandonou as fixações ideológicas e partidárias. Mas agir em favor da segurança e do bem-estar de todos nem sempre é fácil. Agora, é uma boa hora para reflexões.
Os números das Eleições 2014 – primeiro turno para presidente da República – refletem o momento especial por que passa a democracia brasileira. Nenhum fato adverso dificultou o acesso do povo às eleições, mas o nível de abstenção foi alto: 19,39% do eleitorado apto a votar não foram às urnas. Dos 80,61% que foram às urnas: 4,68% anularam o voto e 3,09% votaram em branco. São 27,16% do eleitorado. Estes 38.798.244 eleitores (abstenções + votos nulos + votos branco) poderiam decidir as eleições no primeiro turno.
Há o sinal de amadurecimento desta boa parte do eleitorado, que pode ser alvo de críticas, mas mostrou decisão firme na hora de agir. É possível que os eleitores mais exigentes estejam nesta parcela, que se recusou a votar nos candidatos oferecidos. Há mais. Os votos válidos, dados aos candidatos, não confirmaram as pesquisas eleitorais. Dilma Rousseff 43.267.668 votos (41,59%); Aécio Neves 34.897.211 votos (33,55%); Marina Silva 22.176.619 votos (21,32%); demais candidatos 3.682.304 votos (3,54%).
Marina Silva (PSB), apesar de ter feito uma campanha correta, declinou sob o bombardeio de críticas dos adversários Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Assim, ela perdeu o segundo lugar no primeiro turno e a vitória no segundo turno. Os eleitores que reagiram e mudaram seus votos, certos ou errados, praticaram a mobilidade saudável à democracia mesmo quando o resultado não é bom. Isso faz parte da dinâmica democrática: confiar hoje e desconfiar amanhã, apoiar hoje e criticar amanhã. A imobilidade gera vícios.
A melhoria do eleitorado ainda é insuficiente para gerar a melhoria da política. Infelizmente, sobraram para o segundo turno os candidatos dos dois partidos políticos (PT e PSDB) mais envolvidos em corrupção do país. Quem não se lembra ou é jovem, pode pesquisar na internet a fartura de escândalos promovidos por estes dois partidos nos seus governos. Para não assumirem culpas, eles mentem. Para ganharem a preferência dos eleitores, eles agem com a arrogância própria dos que se acham melhores que os outros.
Mas a democracia evolui em seu curso e os economistas negam que o país esteja mergulhado numa crise sem saída. No entanto, eles alertam que o país precisa aumentar os investimentos, melhorar a infraestrutura, diminuir os custos, exportar mais, crescer mais, controlar os juros e a inflação. Os próximos anos vão estar cheios de problemas. Ganhe as eleições o PT ou o PSDB, estarão bem os brasileiros se prepararem para as turbulências.

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