Poluição do ar: asfixiando a humanidade, Por Jéssica Ribeiro dos Santos e Ana Bansi,

Os dados são alarmantes: cerca de uma em cada oito mortes que ocorrem no mundo são causadas pela poluição do ar. Apesar de o problema ser silencioso e invisível ao nosso cotidiano, esse dado leva os ambientalistas a apontar o ar poluído como maior fator de risco para a saúde humana no mundo, pois acarreta doenças pulmonares e do coração, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Como agravante da situação, relatórios lançados pela OMS afirmam que o padrão seguro de concentração de poluentes em suspensão no ar é de 20 microgramas por metro cúbico (mg/m³). Em 2014, apenas dez países estão dentro do padrão.
O Brasil apresenta 40 (mg/m³), ou seja, o dobro do que é considerado seguro pela OMS. A maior contribuição para esse índice geralmente concentra-se nas grandes cidades e capitais, onde há maior concentração de indústrias, sem desconsiderar a quantidade de usinas espalhadas por todo o país e o aumento de queimadas em reservas florestais, que, além de contribuírem com a poluição, degradam a fauna e a flora e interferem no habitat de diversos animais.
É importante entender que grande parte das substâncias que poluem o ar, hoje lançados em maior quantidade na atmosfera, tem o homem como principal contribuinte, pois é ele o responsável pelos automóveis, incêndios e indústrias, capazes de gerar esses gases por meio da queima de combustíveis fósseis, como carvão e derivados de petróleo.
Portanto, neste contexto da poluição do ar, as empresas merecem destaque. No mundo, as cem empresas mais poluidoras liberam milhões de toneladas de poluentes na atmosfera. Além de emitir poluentes diretamente, via seus processos produtivos, as empresas e indústrias emitem-nos também indiretamente, ao aumentarem as frotas de caminhões ou trens responsáveis pela entrega de sua mercadoria a destinos cada vez mais distantes.
A internacionalização das empresas e a competição global, bem como o aumento do poder de consumo da população mundial tornam os dados sobre poluição do ar mais alarmantes com o passar dos anos, em decorrência do aumento crescente da capacidade de produção das empresas. Esses fenômenos também contribuíram, no entanto, para o surgimento de uma consciência coletiva dos consumidores com relação à poluição e à complexidade de lidar com a contradição entre aumento do consumo e diminuição da poluição.
Os consumidores, mediante inúmeras opções de consumo – sabendo que, na maioria das vezes, detêm o poder de influenciar a demanda por determinados produtos ou serviços –, começam a solicitar ações ambientalmente corretas das empresas, o que induz a um novo posicionamento empresarial em face dessas questões.
Em resposta a esta situação, para diminuir ou solucionar o problema da poluição do ar, as empresas tomam medidas mais práticas e imediatistas, como agregar filtros que fazem a despoluição das chaminés e lançar projetos ambientais de reflorestamento. Também adotam procedimentos que visam a mudanças e inovações no médio e longo prazo por meio do desenvolvimento de parcerias com institutos tecnológicos, fornecedores, clientes e universidades a fim de pesquisar e desenvolver novos processos produtivos menos poluentes ou até mesmo novos produtos, os chamados de produtos verdes. Além disso, algumas empresas divulgam seus resultados ambientais e sociais positivos por meio de relatórios anuais, mas isso ainda é muito pouco.
Apesar de se observar que o comportamento do consumidor cada vez mais interfere nas relações entre empresa e meio ambiente, somente essa influência não é suficiente para diminuir os níveis de poluição do ar a um índice adequado. É necessário que aconteça intervenção maior dos órgãos reguladores. Sabemos que normas e legislações para garantir um ambiente saudável existem, mas talvez ainda seja insuficiente a forma como a cobrança e a fiscalização são exercidas.
Isso porque, nesse contexto, existem dois principais tipos de organizações: as reativas e as proativas.
As reativas à situação são as que ainda pensam apenas em seus lucros e nos gastos que podem poupar ao não realizar investimentos ambientais que não tragam benefícios imediatos. Para esse tipo de empresa, que acreditamos ser a maioria, é importante a fiscalização, além de incentivos para que procurem novas alternativas de processamento e produção de seus produtos e serviços, utilizem novas tecnologias que possam reduzir o nível de gases poluentes e atentem ao monitoramento das áreas no intuito de evitar incêndios.
As organizações proativas, por sua vez, são aquelas que acreditam na importância de investir em Gestão Ambiental e entendem que tal investimento implica a vinculação das questões ambientas às decisões inerentes à gestão estratégica das empresas, antecipando-se aos problemas ambientais, evitando que eles ocorram.
No papel de cidadãos e consumidores, não podemos, no entanto, simplesmente responsabilizar as empresas pela poluição do ar que respiramos. Acreditamos que a solução desse problema demanda um comprometimento conjunto das partes interessadas: o governo, com o papel de legislar e fiscalizar; as empresas, com o comprometimento em investir na gestão ambiental; e os consumidores, por fim, com a responsabilidade de privilegiar a qualidade e o comportamento ambiental das empresas, e não o preço.
Será que se chegará a um consenso entre essas partes interessadas, de tal modo que se possa transformar o investimento ambiental em lucro, suprindo as necessidades de ambos, empresa e sociedade?
*Jéssica Costa Ribeiro dos Santos: Acadêmica do curso de Administração da UFMS - Campus de Três Lagoas. e-mail: jessicars.costa@gmail.com *Ana Claudia Bansi: Professora do curso de Administração da UFMS - Campus de Três Lagoas. e-mail: ana_bansi@hotmail.com

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