Perspectivas modestas, por Reginaldo Villazón



A propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão começou esta semana, na terça-feira, dia 19. Vai se estender por 45 dias (até 02 de outubro, quinta-feira), três dias antes da votação em primeiro turno (05 de outubro, domingo). O tempo diário da propaganda é escasso, considerando o grande número de candidatos a se apresentarem. São dois blocos de 50 minutos no rádio (às 07:00 e às 12:00 horas) e dois blocos de 50 minutos na televisão (às 13:00 e às 20:30 horas), em seis dias da semana (segunda-feira a sábado).
Esta eleição coloca em disputa 1.627 cargos executivos e legislativos: 01 presidente da República, 27 governadores, 27 senadores, 513 deputados federais e 1.059 deputados estaduais. Isto, sem contar vices e suplentes. Para presidente da República, há três candidatos fortes apoiados por coligações partidárias (Dilma Rousseff, Aécio Neves e Marina Silva) e oito candidatos apoiados só por seus partidos. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, o número total de candidatos passa de 24.000 e o número total de eleitores passa de 140 milhões.
A democracia não depende apenas de eleições, como querem os políticos e acredita boa parte da população. Porém, é certo que não há democracia sem eleições. Antigamente, os comícios eram fundamentais para atrair a atenção dos eleitores com discursos inflamados e convocá-los a votar. Hoje, embora a telefonia celular e a internet ganhem espaço, o uso eleitoral do rádio e da televisão tem a maior importância. Assim, os candidatos vão resumir suas falas na propaganda eleitoral gratuita e tentar aparecer bem nos noticiários e debates.
Na presidência da República, Dilma Rousseff (PT) foi alvo de críticas nas passeatas e sofreu vaias nos estádios de futebol. Por isto, fez-se candidata com o slogan: "Mais mudanças, mais futuro". O candidato Aécio Neves (PSDB) cunhou o slogan: "Mudança confiável". A candidata Marina Silva (PSB) lapidou o slogan: "Coragem para mudar". Isto quer dizer que os políticos sabem que o povo deseja mudanças para garantir as conquistas sociais obtidas a duras penas, melhorar a qualidade dos serviços públicos e desenvolver o país.
Em quem acreditar? Quais verdades existem por trás das palavras dos candidatos? Em quem votar? Facilmente, será possível ver e ouvir como todos eles repetem as propostas de mudança, embora se dizendo políticos contrários. Será possível avaliar que todos eles escondem, como se ignorassem, a corrupção e o mau uso do dinheiro público nos meios políticos. Ainda que tais políticos almejem realizar bons trabalhos executivos e legislativos, a história não favorece os que sobem ao poder sem rebeldia, sem desafiar o sistema vigente.
Entre muitos, Nelson Mandela é um bom exemplo de líder político que desejava mudar as leis e os costumes do seu país. Nunca escondeu suas convicções e intenções. Quando foi eleito presidente da África do Sul, ele teve êxito na concretização das mudanças. Ser rebelde, politicamente, não é pegar em armas. É não acreditar abertamente no sistema político vigente, é exigir mudanças nas normas e nos comportamentos para atingir os fins sociais pretendidos. Aos candidatos desta eleição falta a rebeldia própria dos políticos reformadores.

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