Ocupação total , por Reginaldo Villazón

Basta ver e ouvir as notícias do dia. A guerra que envolve israelenses e palestinos é mostrada, narrada e comentada do jeito de sempre. Os israelenses sofrem ataques de mísseis palestinos, mas intercepta a maioria deles. Revidam com artilharia pesada, destroem instalações civis e militares, matam e ferem civis e militares. O secretário geral da ONU condena a guerra e defende a paz. Políticos defendem o cessar-fogo. E nada mais. Nenhuma organização ou nação defende ações concretas para solucionar o conflito.
Por que israelenses e palestinos não se entendem, se agridem e se matam? Do ponto de vista étnico, eles são farinha do mesmo saco. Conforme escrituras sagradas, os israelenses (judeus) descendem de Jacó, neto de Abraão. E os palestinos (árabes) descendem de Ismael, filho do mesmo Abraão. Historiadores concordam que os dois povos tiveram origem comum nas tribos semitas. Suas línguas (hebraico e árabe) são da mesma família. Pesquisas genéticas comprovam que são povos irmãos. Portanto, não existe motivo étnico.
Judeus e palestinos não foram os primeiros habitantes da Palestina, região entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão, junto à Jordânia e ao Egito. Desde a antiguidade, a Palestina foi ocupada e abandonada por vários povos. Mas judeus e palestinos estabeleceram laços culturais históricos com a região. Após a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), a ONU aprovou uma partilha da Palestina, delimitando 53% para judeus e 47% para palestinos. O Estado de Israel foi instalado à força, contra a vontade dos palestinos, e a guerra começou.
A aprovação da ONU foi infeliz. Como separar o que está misturado, o que não pode ser desunido? Os dois povos se viram privados de áreas importantes, que faziam parte das suas vidas e culturas. Assim, apoiados pelos Estados Unidos, os judeus buscaram expandir sua ocupação. E os palestinos passaram a defender sua permanência onde já estavam. Hoje, a mídia tenta esconder que não há mais guerra. Na prática, toda a Palestina está sob controle dos judeus por terra, ar e mar. As forças armadas palestinas agem como terroristas.
O Estado de Israel não esconde que vai incluir toda a Palestina, em nome da segurança nacional, da necessidade de terras e água para uso humano e agrícola. É possível ver com muita clareza que o conflito armado não foi gerado pelos dois povos. Povos nunca fazem guerra. Políticos e militares fazem as guerras. Neste caso, o conflito armado foi causado pelos políticos norte-americanos e judeus. Na verdade, foi uma guerra norte-americana, patrocinada pelos Estados Unidos. Israel é tal como um estado norte-americano.
O futuro provável da Palestina é transformar-se no Estado de Israel e viver sob conflito interno. Mas dois fatos podem interferir positivamente. A suspensão da ajuda norte-americana (por motivos políticos e econômicos) pode fazer os governantes israelenses agirem com mais prudência e responsabilidade. E a mentalidade mais evoluída das novas gerações (de judeus e palestinos) pode repudiar as intolerâncias e valorizar a convivência democrática de todos no país. As guerras e os conflitos são sempre graves enganos. Não são soluções.

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