Obesos, uni-vos!, por Rafaela Santana e Renata Gama

Não são as temíveis celulites, os "pneuzinhos" ou manequim tamanho "GG" e mais alguns quesitos instituídos pela sociedade que definem o que é a obesidade. Essa visão distorcida que concebe obesidade como um problema simplesmente estético, pelo fato de um corpo não condizer com os padrões da atual cultura, reduz a compreensão do assunto e impede a elaboração de práticas de saúde com políticas de alimentação que poderiam beneficiar a comunidade.
Em 2010, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que houve um aumento significativo de pessoas obesas em todas as regiões brasileiras, faixas etárias e níveis de renda. São números que dão ao fenômeno contornos de "epidemia" e revelam que, se mantido o ritmo atual de crescimento do número de pessoas acima do peso, em 10 anos elas já serão 30% da população - padrão idêntico ao dos Estados Unidos.
O estilo de vida caraterístico do consumismo cooperou para o fortalecimento efetivo das redes de alimentação rápida, as chamadas fast-food, com o fornecimento de produtos desprovidos de nutrientes básicos para o funcionamento do corpo humano e com altos níveis de gorduras e açúcar, que, consumidos em grandes quantidades, resultam em doenças como asma, pressão alta, diabetes, colesterol alto, Alzheimer, e até a redução do Quociente de Inteligência (QI). Os alimentos fast food sempre causam polêmicas e a última delas se deu no final de 2013, quando a emissora CNBC noticiou que a gigante do fast food, no site McDonald’s Mc Resources Line, aconselhava seus empregados a evitarem refeições semelhantes às vendidas pela empresa. Dá pra acreditar?
Vale ressaltar que, em muitos casos, a origem da obesidade está diretamente relacionada com a educação familiar. Os diretores do documentário "Além do peso", que retrata a obesidade infantil no mundo, declararam em entrevista recente que os pais têm conhecimento dos problemas de saúde dos filhos, mas acreditam que "vai passar". Poucos sabem, no entanto, que o fator genético ocupa somente 10% dos casos e que a obesidade e o sobrepeso podem ser domados com uma reeducação alimentar.
O aparecimento de doenças que só víamos em adultos, como diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer, doenças do coração, pulmão, entre outras, também estão ocorrendo em crianças. Isso nos alerta sobre a necessidade de mudanças radicais nos hábitos dos lares brasileiros e de conscientização por parte do governo: a obesidade deve ser considerada um problema de saúde pública, e não só uma questão social. Além dos alimentos oferecidos pela rede de fast food, devemos lembrar-nos dos refrigerantes. Pesquisadores ingleses propõem a aplicação de taxas de 20% sobre o preço de refrigerantes e outras bebidas com altos índices de açúcar. A cobrança dessa taxa tem como objetivo o incentivo a escolhas mais saudáveis. Fundos proporcionados pela arrecadação dessa taxa seriam direcionados para o patrocínio de iniciativas de uma alimentação mais saudável em escolas primárias. Tal medida diminuiria o custo público no tratamento de doenças relacionadas com o mal da obesidade.
A obesidade é, portanto, um mal real, forte e atual na sociedade. Não podemos esperar passivamente por medidas públicas de prevenção contra essa doença, por normas que determinem a quantidade máxima de gorduras e açúcares na produção de alimentos ou por leis que interfiram na propaganda de alimentos que camuflam a composição de seus produtos. O fato é que ainda é raro o exemplo de países que se anteciparam e adotaram medidas públicas preventivas, antes de o problema produzir déficit em seus cofres públicos.
Portanto, famílias brasileiras, unam-se por uma alimentação mais saudável! Obesos, cuidem-se! A adoção de uma alimentação saudável pode ser árdua e injusta diante da gigantesca indústria de telemarketing e da escassez de tempo em nossa rotina. Todavia, mais vale uma vida saudável que limitações impostas por consequência de uma má alimentação.
Rafaela Santana dos Santos: Acadêmica do curso de Direito da UFMS - Câmpus de Três Lagoas. e-mail: rafa.santana.santos@hotmail.com
Renata Gama e Guimaro Moura: Administradora e Professora do curso de Administração e Ciências Contábeis da UFMS – Câmpus de Três Lagoas. E-mail: rggmoura@gmail.com

Comentários