Futebol, por Reginaldo Villazón


Os historiadores contam que, desde os tempos antigos, os povos jogaram bola. Eram jogos animados, porém violentos e com poucas regras. Pode-se dizer que o futebol moderno, praticado com os pés, nasceu na Inglaterra, em 1863, quando foi criada uma associação de futebol e estabelecido um código de regras para o esporte. Isto foi importante para o futebol evoluir, organizar competições e profissionalizar seus participantes. Coube a Charles Miller, nascido em São Paulo SP, trazer o futebol da Inglaterra para o Brasil, em 1894.
A FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado) foi criada em 1904. A primeira Copa do Mundo foi realizada no Uruguai, em 1930. A segunda na Itália, em 1934. A terceira na França, em 1938. A quarta no Brasil, em 1950. Esta Copa do Mundo de 2014, iniciada esta semana no Brasil, é a vigésima edição. Outra competição mundial, entre clubes de futebol campeões, é a Copa do Mundo de Clubes. Sua décima primeira edição será disputada este ano no Marrocos. Vê-se quanto o futebol cresceu e se expandiu mundo a fora.
Destes 150 anos de vida, o futebol moderno tem muito a contar: realidades e magias, fatos e lendas, homens e mitos, vitórias e derrotas. São onze guerreiros contra onze, num campo de grama, disputando a posse de uma bola para infiltrá-la entre as linhas inimigas até o último reduto. Houve o tempo da seleção holandesa, sob regência do espetacular jogador Johann Cruyff, esbanjar tática e eficiência sob o apelido de Carrossel Holandês. Houve o tempo do Santos Futebol Clube (com o rei Pelé) encantar o planeta.
Mas o futebol esteve atrelado à política. A Copa da Itália (1934) foi usada pelo ditador Benito Mussolini para fazer propaganda do regime fascista. A Itália foi campeã de forma escandalosa. A Copa da França (1938) recebeu a seleção alemã reforçada com os melhores jogadores austríacos, por ordem de Adolf Hitler. Mas foi desclassificada pela Suíça e, de novo, a Itália venceu com interferência de Mussolini. A vitória da seleção brasileira no México, em 1970, serviu de propaganda ao regime militar no governo do general Garrastazu Médici.
Igualmente, o futebol esteve ligado ao dinheiro, em favor do enriquecimento desonesto de "cartolas". Muitos escândalos apareceram na imprensa nacional e internacional. Por fim, nesta Copa do Mundo de 2014, ficou claro o uso do futebol para exploração política e econômica do povo brasileiro, em proveito do governo e da FIFA. Os doze estádios superfaturados, construídos com dinheiro público, não deixam dúvida. O governo tergiversa nas explicações. A FIFA revelou-se: é uma entidade privada que lucra alto com recursos públicos.
Ao lado deste quadro desastroso, fatos que acontecem na Europa anunciam que muita coisa pode mudar no futebol. Muitos times europeus pertencem a empresários internacionais: Arsenal, Liverpool, Sunderland, Manchester United, Manchester City, Chelsea e muitos outros. Eles têm interesse em criar um campeonato europeu nos moldes das ligas americanas de basquete, basebol e futebol. Isto lhes daria total autonomia, livrando-os das regras, obrigações e influências geradas pelas federações e governos. Enfim, há uma porta de saída.

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