Desafios, por Reginaldo Villazón

 
Desafios existem para todos. Para uma erva que brota entre pedras, para um pássaro em vôo livre, para um cientista que observa o universo. Desafios existem de toda natureza e de todo tamanho. Podem ser problemas que precisam ser contornados ou removidos. Podem ser oportunidades que se oferecem para o alcance de bons objetivos. No mundo empresarial, há quem valorize os profissionais que enfrentam desafios, especialmente o cumprimento de metas econômicas. Isto quer dizer que desafios podem ter qualidade questionável.
Problemas desagradáveis – que testam nossa atenção, paciência, honestidade e criatividade – são desafios úteis para o nosso desenvolvimento pessoal. Com o tempo, passamos a solucioná-los com o mínimo estresse. As dificuldades maiores, de preferência, devem ser escolhidas. Buscar o sucesso financeiro e o prazer material pode resultar em frustrações. Não é uma boa escolha. Não é um desafio, mas um enorme problema. Em vez disso, enfrentar obstáculos que requerem o desenvolvimento de habilidades é saber escolher desafios.
Coletivamente, há grandes dificuldades e problemas que se apresentam como desafios. Eles precisam ser enfrentados solidariamente para permitir o acesso de todas as pessoas da comunidade a níveis mais elevados de progresso e bem-estar. Isto é verdade para cidades, estados, países, continentes e o mundo. Quando os cientistas sociais procuram saber o futuro, por exemplo, da África, do Sudeste Asiático e da América Latina, eles estudam os grandes desafios dessas regiões e as possibilidades de superação.
Um caso recente de luta e vitória de uma nação sobre um grande desafio é o caso do "apartheid" na África do Sul. O líder, Nelson Mandela (1918 – 2013), não agiu sozinho quando era rebelde nem acabou com os ódios por decreto presidencial. Como em tantas outras conquistas sociais mundo a fora, a superação e o progresso vieram do trabalho do povo e não de um salvador ou de um grupo de iluminados. Apesar disto, aqui no Brasil, este ano os políticos vão desfilar propostas ilógicas de erradicação dos males nacionais.
O Brasil atravessa esta segunda década do século XXI sem resolver problemas antigos, como os conflitos de terra, a desorganização urbana, as desigualdades regionais, a deficiência dos transportes, a pilhagem dos recursos naturais, a violação dos direitos humanos, o baixo nível de instrução e renda da maioria dos brasileiros. Para complicar, há que considerar os problemas globais, como as alterações climáticas, a revolução tecnológica, as diferenças culturais nas relações com outros povos, a integração dos mercados financeiros.
Estes problemas são desafios a serem encarados pelos brasileiros na construção de um país generoso para os seus habitantes. Somente os ignorantes vêem nos problemas a solução dos seus interesses e imaginam que os políticos existem para decidir e construir o futuro de todos. Hoje, o grande número de partidos políticos sem personalidade faz coligações por conveniência. À medida que o povo toma consciência da realidade, expressa suas insatisfações e suas aspirações, este povo se mobiliza para marchar sobre os desafios.

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