Ferrovia: se bem administrada, é forte e eficiente

Por Mauro Scarabelli e Sergio Braga

A ferrovia, um dos transportes terrestres mais antigos, mais eficientes para a humanidade e muito importante para o desenvolvimento, foi responsável pelo transporte de passageiros e cargas, em geral fazendo surgirem diversas cidades nas proximidades de suas instalações, no interior de todo o país.

Décadas atrás, quando havia este valor nas ferrovias, os colaboradores ferroviários eram prestigiados e conceituados, tal como o são, atualmente, colaboradores que trabalham em grandes multinacionais. Nesse sentido, os ferroviários incentivavam e motivavam sua próxima geração a seguir carreira.

 Segundo relatos de pessoas que ainda atuam na malha ferroviária, as condições da ferrovia na nossa região, à época em que empresas estatais a administravam, eram de total empenho e seriedade. Além das estações alocadas nas cidades, existiam outras subestações que eram utilizadas também para o deslocamento de passageiros.

As vistorias das linhas férreas e das composições para posteriores manutenções preventivas e corretivas de componentes da linha e das composições eram realizadas in loco, assim como a higienização e poda da vegetação eram feitas constantemente por equipes alojadas nos trechos entre as estações. De acordo com a tecnologia existente da época e fatores intrínsecos de motivação dos colaboradores, garantiam-se operações seguras e eficazes.

Após mudanças governamentais e o fim das estatais que administravam as ferrovias e com o início das concessões, que muitas vezes "maquiam" a verdadeira situação, a eficiência, segurança e confiabilidade foram-se extinguindo. Por outro lado, os padrões das operações diminuíram, exercendo influência no aumento do tempo de escoamento das commodities rurais e produtos industrializados com a baixa velocidade das composições em diversos trechos.

A atual situação da malha ferroviária revolta a sociedade, pois está sendo marcada por acidentes, como o que aconteceu recentemente, próximo à divisa entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul: uma composição que transportava combustível descarrilou, podendo causar um desastre ambiental na região. Outro exemplo – fatal – foi em São José do Rio Preto (interior de SP), quando uma composição que transportava grãos descarrilou e atingiu algumas residências próximas à ferrovia fazendo oito vítimas.

Como as linhas férreas, na maioria dos casos, "chegaram primeiro" aos locais onde surgiram as cidades, inspeções e manutenções nas linhas devem ser feitas de forma mais rigorosa. Por outro lado, a população não deve construir edificações dentro da faixa de domínio ferroviário (local autorizado apenas para construções ferroviárias). Essas simples medidas ou uma fiscalização eficiente podem resultar na redução de acidentes e no aumento da eficácia do transporte ferroviário.

Mauro Roberto Scarabelli Junior: Acadêmico do Curso de Administração da UFMS – Câmpus de Três Lagoas. e-mail: maurinho_scarabelli@hotmail.com

Sergio Silva Braga Junior: Professor do Curso de Administração da UNESP – Câmpus de Tupã. e-mail: sergio@tupa.unesp.br



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