Agenda

Reginaldo Villazón

Levantar-se da cama, calçar os chinelos e dirigir-se ao banheiro são gestos da rotina de todas as manhãs. O dia começa ao mira-se o rosto no espelho, quando a consciência se desperta sobre si mesmo e sobre as tarefas que existem pela frente. Sem grandes reflexões, deseja-se que o dia seja bom e produtivo. Se não houver complicações, ótimo. Se todas as tarefas do dia forem cumpridas, melhor ainda. Assim, não haverá desgastes nem pendências a serem transferidas para outro dia.

Antes de sair de casa, abre-se a agenda. Destacam-se as prioridades e reserva-se espaço para as tarefas imprevistas. Isto é importante. Aquele palestrante de terno e gravata, especialista em "coaching" (treinamento) de administração do tempo, falou que é preciso usar agenda e destacar as prioridades. Ele deu outras dicas. É preciso manter o foco sobre a realização de cada tarefa, não se deixando influenciar por outros assuntos e acontecimentos. É preciso manter todos os materiais de trabalho bem organizados e de fácil acesso.

Antigamente, para justificar a importância do tempo, dizia-se "tempo é dinheiro". Hoje, muitas vezes o tempo vale mais do que dinheiro. O tempo que se consome nos percursos do trânsito e nas esperas das filas só aumenta. Apesar das novas tecnologias, o tempo livre se escasseia. Não dá mais para fazer muita coisa que se fazia antes. Além disso, as conquistas materiais tornaram a vida mais complicada. Até os relacionamentos pessoais são prejudicados. Por tudo isto, a agenda determina um corre-corre diário.

Sabe-se, na vida prática, que o tempo depende da velocidade. Para economizar tempo é preciso ser rápido. Este conceito sobre a medida do tempo é decisivo. Ainda, mais, porque se ouve dizer: "o passado já passou, o futuro não chegou, vive-se o presente". Então, é preciso viver o presente, agindo com velocidade para cumprir a agenda. Porém, o tempo também deve ser considerado na dinâmica das suas fases: passado, presente e futuro. Não é recomendável ser um bom cumpridor das tarefas diárias, sem outras considerações.

O Papa Francisco, ao completar o primeiro ano de pontificado neste mês de março, foi noticiado na imprensa católica italiana como um papa reformista. Com palavras claras, os redatores opinaram que o Papa deve olhar o passado e o futuro da Igreja para sintonizá-la com a realidade social presente. No futebol, o treinador Fernando Diniz surpreendeu ao estrear o jovem Grêmio Osasco Audax na elite do futebol paulista. Valorizando o bom futebol, pouco presente hoje nos campos brasileiros, ganhou respeito e elogios.

O mau exemplo é dado pelos políticos. O dia deles começa e termina em frente ao espelho do banheiro. Suas agendas não têm passado nem futuro. Diariamente, eles cumprem os protocolos e contornam crises que se repetem por vários governos. Se os bons exemplos devem ser seguidos, este mau exemplo deve ser evitado. Conhecimentos e experiências do passado devem inspirar atitudes presentes, assim como tendências e necessidades futuras devem inspirar providências hoje. É assim que se edifica a vida.

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