Mulher que saiu de casa para viver na rua reencontra mãe após 30 anos

 
Do G1 Rio Preto e Araçatuba
 
Uma moradora de Jales, na região de São José do Rio Preto, viajou quase 600 quilômetros para realizar um sonho: reencontrar a mãe, que não via há quase 30 anos.

A história de Lucrécia de Mello parece ter saído de um livro. Ela morava em Sorocaba (SP) quando foi abandonada pela mãe ainda bebê e passou a ser criada pela avó. "Ela me castigava muito, ficava dias sem comer. Banho era só quando chovia, porque ela não me dava banho", lembra.

Aos sete anos, Lucrécia foi adotada por um casal que se mudou para Bertioga, litoral do Estado. Com a nova família teve mais problemas. Apesar de gostar do pai adotivo, não se entendia com a mãe, que era muito autoritária. As constantes brigas fizeram com que Lucrécia saísse de casa para morar nas ruas, onde conheceu o crack. "Me vi morando numa favela, sem roupa, sem calçado, parecendo um zumbi."

Depois de quatro anos, ela conseguiu se livrar do vício com a ajuda de uma família que conheceu nas ruas. Com a morte dos pais adotivos veio a vontade de conhecer melhor o passado. Mas para isso ela dependia da Justiça. Foi preciso solicitar o desarquivamento do processo, que datava de 1989, para ter acesso aos documentos e ao endereço da mãe biológica, Maria Suzana da Silva.

Aos 29 anos, recuperada do vício e com três filhos, Lucrecia saiu de Jales com destino a Sorocaba na semana passada. No fórum da cidade descobriu que seu nome de batismo é Suélen. Descobriu também que a mãe biológica tentou procurá-la e que ela estava comemorando aniversário naquele dia.

De posse do endereço, ela foi até Boituva, a 40 quilômetros de Sorocaba, para o esperado reencontro, que a reportagem da TV Tem acompanhou.

Após abraços e choros, a mãe explicou os motivos que a levaram a abandonar a filha. Ela conta que foi obrigada a deixar a casa onde morava com a irmã e não tinha condições de criar os dois filhos que tinha na época.

Lucrecia descobriu que tem mais seis irmãos e que o pai morreu em um acidente antes dela nascer. Mas a procura ainda não terminou. Duas irmãs ainda não foram localizadas pela mãe: Janaina Aparecida da Silva e Maria Lúcia Aparecida da Silva. Agora, mãe e filha fazem planos de encontrá-las e juntar, finalmente, a família.(G 1. de Rio Preto e Araçatuba)


Comentários