Davos 2014

Reginaldo Villazón

Em quatro dias nesta semana (22 a 25), realiza-se o encontro anual do Fórum Econômico Mundial na estação de inverno de Davos, na Suíça. Até o final, terão se reunido um grande número de pessoas poderosas, como governantes, dirigentes corporativos e líderes sociais de vários países. O tema do Fórum Econômico Mundial de 2014 é "A reformulação do Mundo: conseqüências para a sociedade, a política e os negócios". Fica claro que os organizadores do evento observam a transformação inevitável do mundo e se preocupam com o futuro.

O Fórum Econômico Mundial é uma organização internacional fundada em 1971 por um grupo de empresários europeus sob inspiração do alemão Klaus Schwab, um professor de política de negócios. O objetivo de contribuir para a melhoria global fez a organização crescer e expandir seu conceito de gestão de negócios, abrangendo empresas, acionistas, dirigentes, empregados, clientes, fornecedores, governos, políticos, universidades, cientistas e toda sorte de pessoas em condições de influenciar e agir em favor do mundo.

Em mais de quarenta anos, o Fórum exerceu impacto positivo na melhoria da consciência política, econômica e social, especialmente de governantes e gestores corporativos. Facilitou o entendimento entre nações em conflito, como Grécia e Turquia em 1988, Israel e Palestina em 1994. Foi decisivo na formação de fundos financeiros destinados à prevenção de doenças (como difteria, tétano e coqueluche) e ao controle de doenças (como AIDS, tuberculose e malária), que fazem vítimas em grandes áreas populacionais do planeta.

Nesta edição de 2014, o Fórum debate assuntos relevantes, como as crises nas nações de economia forte, os níveis de desemprego, as desigualdades de renda, a escassez de água, a ocorrência das adversidades climáticas, os fracassos das administrações públicas, as falhas do sistema financeiro, a instabilidade social no mundo. Apesar de o Fórum não ter o poder de mandar ou de interferir nas questões empresariais, nacionais e globais, ele oferece aos participantes a possibilidade de enriquecimento das suas agendas.

Mas há pedras no caminho. O Fórum Econômico Mundial já foi duramente criticado por reunir uma elite que detém grande soma de capital, controla grandes bancos e fundos de investimento, lucra em vastas operações industriais e comerciais. Um recente relatório do próprio Fórum mostra que apenas 85 pessoas no mundo detêm 46% (quase a metade) da riqueza produzida no planeta. Este absurdo revela a falência dos governos democráticos e dos líderes empresariais em diminuir as desigualdades econômicas e as turbulências sociais.

Países modernos travam guerras comerciais, visando tirar proveito de políticas econômicas que favorecem o sistema financeiro internacional, mas promovem o achatamento salarial, a destruição de postos de trabalho e a elevação do custo de vida. Ampliam gastos militares para sustentar interesses econômicos em regiões estratégicas do exterior e reprimir os movimentos de insatisfação internos. Não há como esconder que a fome, o déficit de habitações, o tráfico de drogas, a violência e a prostituição existem em todos os continentes.

Se o mundo não se torna melhor, não é por falta de conhecimentos, debates e boas recomendações do Fórum. A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, desembarcou na Suíça com dois propósitos. Primeiro: um encontro sobre futebol com Joseph Blatter, o presidente da FIFA. Segundo: uma palestra no Fórum para conquistar a confiança dos investidores. Ou seja, nada a ver com o objetivo do Fórum, nada a ver com o tema do Fórum de 2014.

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