Bola fora: futebol, violência e impunidade

David Welson Soares Cavalcante
e Cláudio Ribeiro Lopes

O que era para ser momentos de diversão acaba se transformando em momentos frustrantes, hostis e de grande angústia. Essa é a realidade que toma cada vez mais espaço no cenário do futebol brasileiro. Torcidas uniformizadas ditas organizadas ofuscam o brilho do espetáculo realizado por profissionais dentro do campo de futebol. O que se vê quando duas torcidas diferentes se encontram é um ambiente de hostilidade que mais se assemelha a dois países em guerra: um quer vencer e tornar-se melhor e mais poderoso que o outro.
Não há mais torcidas puramente pacíficas que vão aos estádios de futebol torcer por seus times com o intuito de incentivá-los a mais uma vitória sem que haja algum conflito com policiais ou outras torcidas. Infelizmente essa é a impressão que se tem nos dias de hoje. E essa realidade precisa ser considerada, pois em decorrência desses atos de selvageria, de vandalismo, pessoas que querem momentos de lazer e diversão ficam em casa com medo de ser espancadas ou mortas por estarem usando uma camisa de um time adversário. Esse medo está presente em todo o trajeto de ida ao e volta do estádio de futebol.
Não é uma historinha ou algo passageiro: trata-se de algo presente que torna a segurança alguma coisa ilusória. Os índices só apontam para o pior. Cada vez mais, manchetes de jornais mostram o aumento desses confrontos e número de mortes e de pessoas lesionadas gravemente.
Uma Nação que sediará uma Copa do Mundo, que proclama ser o país do futebol, tem de apresentar um programa sólido contra esse tipo de movimento. Tem de encontrar mecanismos de prevenção e punição, entre os quais identificar os agressores e baderneiros e deixa-los de fora do espetáculo, evitando assim tragédias maiores. Deve haver uma relativa "pedagogia" na punição.
Os clubes também têm que tomar atitudes, afastando esses torcedores da sua torcida organizada para que isso sirva de lição para os outros. Antes de tudo, temos que pensar no bem-estar de todos.
O futebol tem que ser sinônimo de paz e alegria: a arquibancada não pode ser vista como arena de batalha, e sim um lugar aprazível, onde as torcidas demonstrem seu amor pelos seus times por meio de hinos e por vibrações positivas. Desse modo, evitaremos a realidade presente de quebra-quebra, de correria, de brigas, disputas com a polícia, audiências em tribunais, hospitais e mortes. Vamos viver e apreciar o momento da melhor forma possível; afinal, estamos vivendo uma época em que se prega o respeito ao bem comum e à ordem democrática, observando a estética da sensibilidade, a política da igualdade e a ética da identidade.
David Welson Soares Cavalcante: Acadêmico do Curso de Administração Pública da UFAL - Câmpus de Arapiraca (AL) email davidwelson17@hotmail.com
Cláudio Ribeiro Lopes: Professor do Curso de Direito da UFMS – Câmpus de Três Lagoas (MS) email clopes@stetnet.com.br



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