Geriatra agora coordena sociedade de fratura na América Latina



Em setembro deste ano aconteceu em Berlim, Alemanha, o “Second Fragility Fracture Network (FFN) Global Congress”. A FFN é uma organização internacional, baseada na Suiça, que reúne profissionais que trabalham com pacientes que sofreram fratura de fragilidade (geralmente relacionada à osteoporose) e tem como coordenadora para a América Latina a médica geriatra da Disciplina de Geriatria da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), Adriana Braga de Castro Machado (foto), vinculada ao Departamento de Clínica Médica.

A maioria dos profissionais ligados à FFN são médicos ortopedistas e geriatras, mas também congrega outras especialidades médicas, bem como outros profissionais da saúde como fisioterapeutas, enfermeiras e terapeutas ocupacionais.  Os principais objetivos dessa organização são: difundir globalmente as melhores práticas multidisciplinares no manejo da fratura e na prevenção da refratura, promover e congregar pesquisadores objetivando melhores tratamentos de osteoporose, sarcopenia e fratura, guiar mudanças em políticas de saúde que elevem a fratura de fragilidade a um nível de prioridade dentro da agenda de políticas públicas, no maior número de países possível.
Desde o primeiro encontro da FFN, em 2011, as regiões da América Latina e da Ásia são tratadas como prioridade devido à trajetória demográfica dessas áreas, onde é esperado um aumento alarmante e exponencial de fratura de fêmur nas próximas décadas. “Por essa razão a FFN tem concentrado esforços para poder ampliar sua rede nestas regiões. Já tivemos dois encontros no Brasil, e em 2014 pensamos em fazer um encontro ampliado - talvez no Chile (precedido por um Simpósio no Congresso Brasileiro de Geriatria em abril de 2014)”, diz Adriana.
A especialista explica que a fratura é a consequência temível da osteoporose e caracteristicamente pode ocorrer em vários locais do esqueleto, como por exemplo, vértebra, punho e fêmur, este último considerado o quadro mais grave, por ser acompanhado de grande dependência do paciente após a fratura bem como o aumento importante da mortalidade. Além deste alto custo humano, comenta ela, é uma fratura grandes despesas hospitalares, onerando substancialmente o sistema de saúde dos países.
Após a primeira fratura, existe um aumento de mais de duas vezes no risco para uma nova fratura relacionada à osteoporose. Portanto, identificar e tratar o primeiro episódio é fundamental, pois o tratamento é bastante eficaz e ajuda a prevenir a maioria dos novos episódios de fratura. “Mais da metade dos pacientes com fratura de fêmur tem história de fratura prévia, que, se tivessem sido tratadas, poderiam ter prevenido em torno da metade das fraturas de fêmur em questão. Embora este fato seja conhecido, a maioria dos pacientes, no Brasil e no mundo, ainda não é tratada após uma fratura osteoporótica”, acrescenta.
No Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu /Unesp funciona um dos ambulatórios pioneiros no Brasil em prevenção de refratura. Coordenado pela professora Adriana, o serviço recebe pacientes em especial da equipe de ortopedia, mas é aberto a todo o HCFMB. Os critérios para o encaminhamento são simples: pacientes acima de 50 anos, que tenham sofrido uma fratura de fragilidade (que ocorre por conseqüência de um trauma banal ou espontaneamente), geralmente relacionadas à baixa massa óssea. Neste ambulatório é realizada uma avaliação da saúde óssea, considerando os inúmeros fatores de risco relacionados à fratura: densitometria óssea, exames laboratoriais e a investigação de causas secundárias de osteoporose. Após esta avaliação inicial é orientado o tratamento adequado e realizadas as orientações pertinentes.
Em 2011, por ocasião da fundação da Fragility Fracture Network – FFN – a especialista foi convidada pelo professor David Marsh, da University College London, para compor o comitê executivo da mesma, na qualidade de vice-presidente, cargo em que permaneceu até agosto último, quando passou a ser a Coordenadora da América Latina  na diretoria da FFN. A atual diretoria é composta por representantes dos seguintes países: Inglaterra, Austrália, Brasil, Espanha, Alemanha, Itália, Canadá, Japão, Líbano, Estados Unidos, Índia, Suécia, Áustria e Nova Zelândia

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