Família: combatendo a violência

por *Cosme Cicero de Freitas e *Marçal Rogério Rizzo

Certamente um dos problemas sociais mais graves que enfrentamos nos dias de hoje é a violência, que ocorre em todas as classes sociais e localidades. Roubos, homicídios, agressões, brigas nas escolas, acidentes de trânsito, entre outros atos violentos, são provocados pela intolerância, desobediência às leis e às normas sociais. O caso é que a violência tem-se tornado muito comum no dia a dia dos brasileiros, trazendo o medo, a desesperança e até mesmo o desespero para aqueles que buscam coisas simples, como o direito de ir e vir.
E nessa multiplicação de cenas violentas, muitas vezes o personagem principal é o jovem. Pior que isso: vários crimes bárbaros são cometidos por jovens, o que nos conduz a alguns questionamentos: Será que não estamos proporcionando um ambiente social favorável para sua formação? Por que isso vem ocorrendo com tanta frequência?
O fato é que vivemos, atualmente, um período de transformações. Grande parte desses envolvidos em casos de violência vem de lares desestruturados ou de famílias cujos pais trabalham o dia todo, ou seja: foram criados pelas babas, ou em escolas e creches e, em muitos casos, cercados por uma parafernália eletrônica, como o computador e o vídeo game. Resguardadas as proporções e exceções, não podemos deixar de destacar que muitas crianças e adolescentes ficam à mercê da rua e de (outros) jovens delinquentes. Assim, crescem sem nenhum afeto ou controle familiar eficiente e acabam envolvendo-se com álcool, drogas e falta de limites e respeito pelo semelhante.
Vale lembrar que as ruas podem adotar os jovens para se envolver em furtos e roubos, mas o que realmente tem assustado é o tráfico de drogas. Na maioria das vezes o fazem para sustentar o próprio vício ou atender os desejos de consumo. A destreza com que a bandidagem se aproxima das crianças e adolescentes é temerosa. Prometem dinheiro fácil em troca de atos ilícitos, uma vez que os "menores de idade" têm uma punição menos rigorosa (quando a recebem).
Como se percebe, o resultado dessa mistura explosiva é que os jovens chegam à escola desobedientes, agressivos e "abandonados" afetivamente pela família. A educação familiar passa a ser terceirizada para as escolas. O que deveria ser "de berço", vir de casa, deixa de existir.
Em pesquisa realizada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), cujos resultados são apresentados no sítio eletrônico do Jornal da Educação, constatou-se que: "Os índices mostram que 44% dos 1.400 professores ouvidos já sofreram algum tipo de violência na escola." A pesquisa também concluiu que "72% dos professores costumam presenciar brigas entre os alunos, enquanto 62% testemunharam ofensas aos próprios docentes. Além disso, 42% já perceberam que seus alunos estavam sob o efeito de drogas e três em cada dez docentes presenciaram tráfico nas escolas em que trabalham". O problema das drogas é, "na opinião de 15% dos educadores, o principal motivo da violência escolar", precedido pela "desestruturação familiar (47%)", pela "forma como o aluno é educado em casa (49%)" e pela "falta de respeito, educação e valores do estudante (74%)".
Sem alarde, sem discursos ideológicos, o que vemos é o abandono da instituição família. Talvez uma saída prudente para combater o ingresso dos jovens na violência esteja dentro do próprio ambiente familiar. Cabe aos pais esforçar-se para que seu lar constitua-se em um ambiente favorável para formação de seus filhos, a quem devem ensinar princípios e valores morais, éticos, sociais e humanos, para que sejam bons cidadãos. Tudo começa na/com a/pela família, como afirma o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu 4º artigo: "É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária." *Cosme Cicero de Freitas: Acadêmico do curso de Administração – Câmpus de Três Lagoas (MS) –email: csmfreitas@hotmail.com
*Marçal Rogério Rizzo: Professor do curso de Administração da UFMS – Câmpus de Três Lagoas–email: marcalprofessor@yahoo.com.br

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