“Ética está fora de moda no Brasil”, afirma a educadora e filósofa Marcia Tiburi



Em um país corrupto, onde mais de R$ 200 bilhões de impostos anuais deixam de chegar anualmente aos cofres públicos, falar sobre ética está fora de moda. Pelo menos é esta a análise da filósofa e educadora Marcia Tiburi (foto), participante do 1º Fórum dos Estudantes, ocorrido no último sábado, em Atibaia (SP). Além do público presente no local, o evento foi transmitido simultaneamente para mais de 170 mil internautas, em todo o país, via polos de EAD e por meio de um canal exclusivo na internet. Estudantes, acadêmicos, políticos e jornalistas marcaram presença nos debates.
Mestre em Filosofia, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e autora de diversos livros, Marcia abriu o ciclo de palestras sobre "A educação contra a barbárie". Ela abordou a importância da educação numa sociedade que se encaminha rapidamente à barbárie, na forma da violência e do desrespeito ao outro – com citações aos casos de abusos das polícias durante as manifestações de professores que estão ocorrendo pelo Brasil. Críticas aos sistemas de financiamentos da educação no Brasil e corrupção também ganharam espaço na conversa. Para Marcia, os jovens podem se transformar em fascistas e alienados, por fazerem parte de uma cultura onde a ausência de reflexão e ética é a regra "Como podemos mudar isso? Esse é o desafio" esclarece a filósofa.
Ao comentar sobre a relação entre política e educação, a especialista afirma que a ética tem sido esquecida pelos brasileiros, que vivem os frutos da passividade, mesmo após as dezenas de manifestações públicas, por mudanças na política nacional. "Banalidade é o que vivemos e compartilhamos quando aceitamos a corrupção. Vivemos a cultura do indivíduo que deve trabalhar muito, consumir muito e pensar pouco. Por isso, pensem, estudem, se esclareçam", provoca o público.
Além da filósofa, participaram do Fórum de Estudantes o deputado federal Roberto Santiago (PSD), o vereador paulistano Ricardo Young (PPS), Rogério Melzi, diretor presidente do Grupo Estácio, Beth Guedes, vice presidente da Associação das Universidades Particulares, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Atibaia, Lívio Giosa, além do consultor em estratégia organizacional Sérgio Esteves. A jornalista Mônica Waldvogel intermediou o debate sobre "Democracia e a arte da convivência entre extremos", entre os deputados Ronaldo Caiado (DEM) e Jean Wyllys (PSOL).
Para Norton Flores, coordenador do Fórum, a palestra da filósofa foi ideal para inaugurar essa primeira edição do evento, isso porque o tema abordado convidou os jovens a refletirem sobre a situação do país. "Temos uma nova geração com mentes abertas e com disposição para transformar o Brasil. O que podemos fazer é auxilia-los a canalizar esta energia e fornecer subsídios para que possam escolher seus próprios caminhos para realizarem estas mudanças" finaliza.

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