Albert Camus

 Reginaldo Villazón
Comemoram-se os 100 anos de nascimento de Albert Camus (1913 a 1960). Ele era franco-argelino, nascido (no dia 07 de novembro) na Argélia, Norte da África, quando este país era uma colônia francesa. Foi jornalista, ensaísta, romancista, dramaturgo e filósofo. Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1957 pela importância da sua obra, na qual focalizou a existência humana com olhar desassombrado, sereno e incomum. É um dos autores mais lidos e suas idéias continuam a influenciar muita gente.
Os brasileiros relembram sua visita ao Brasil, em 1949, em missão cultural de 48 dias. Esteve no Rio de Janeiro, São Paulo, Iguape (litoral de SP), Recife, Salvador e Porto Alegre. Fez palestras e conheceu figuras ilustres como o poeta Manoel Bandeira, o escritor Oswald de Andrade, o sociólogo Gilberto Freyre, o compositor Dorival Caymmi, o romancista Érico Veríssimo. Ficou encantado com o amor dos brasileiros pelo futebol. Mas criticou a desigualdade social, o contraste dos ricos com os miseráveis.

Albert Camus, quando tinha um ano de idade, perdeu o pai na Primeira Guerra Mundial. Foi com a mãe e o irmão morar na casa da avó materna, na capital Argel. O bairro era pobre, mas a cidade ofereceu boas oportunidades de estudo. Depois do ensino municipal, ingressou com bolsa de estudo num ótimo Liceu. Em seguida, na Universidade de Argel, graduou-se em Letras e fez mestrado em Filosofia. Mudou-se para Paris aos 26 anos. Desde os tempos universitários, manteve a vida agitada com atividades culturais e políticas.
De modo simples, há três palavras importantes na sua filosofia: Absurdo, Revolta e Solidariedade. O Absurdo nasce quando o indivíduo observa a existência humana. As rotinas da vida, os sofrimentos e a morte se revelam como dilemas, que geram dúvidas e inquietações. Eis, então, o Absurdo existencial num mundo sem explicações.
Um caminho é o da negação total, do suicídio. Mas este caminho é uma decisão lógica diante de um Absurdo. Por isto, não é uma solução. Outro caminho é seguir filosofias que expliquem e justifiquem o Absurdo da existência humana. Mas é outra decisão lógica, que não soluciona o Absurdo e faz o indivíduo admitir o mal contra os inocentes.
Camus diz que uma postura coerente diante do Absurdo é a Revolta. A Revolta não explica, não ignora e não aniquila o Absurdo, que é uma condição natural da existência humana. A Revolta é a postura do homem contra a sua própria obscuridade. É a exigência de uma transparência, ainda que impossível. É o questionamento que permite a expansão da consciência. É a certeza do destino esmagador, mas sem a resignação diante do mal.
Por fim, Camus diz que a Revolta não exclui o amor pela vida, a ética, a ordem, a justiça. A Revolta faz nascer a Solidariedade nos oprimidos e nos que assistem a opressão dos outros. É assim que a Revolta perde a sua aparência negativa e egoísta, passa a ser um valor humano positivo de abrangência coletiva.
Diante dos problemas que hoje afligem a existência, as pessoas podem adotar atitudes positivas que dispensam as tentativas propostas por enganadores. A subjetividade está em alta. Sua qualidade gera a realidade individual, que se conecta a outras realidades individuais da mesma qualidade. Albert Camus deu uma grande contribuição nesse entendimento.

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