A posse real

Adelvair David
De tudo quanto tem, pouco necessita o homem.
Avaliando as necessidades humanas, os pensadores de todos os tempos se esmeraram no sentido de esclarecer e entender as reais posses que dariam sossego e conforto ao seu possuidor.
O que a experiência sedimentou é que nada do que se possua em todos os sentidos materiais, é garantia absoluta de tranquilidade íntima. Nenhuma referência no mundo das formas representou apego suficiente para os que escolhem abreviar o tempo de suas vidas, deixando para trás corações partidos e almas chorosas sem a possibilidade de compreender a dimensão da dor que lhes motivaram a escolha.
Em todos os tempos o homem procurou sempre o conforto em todos os sentidos, nada contrário é claro à busca do progresso que deve marcar a marcha de cada um neste mundo. Progredir, ter mais, conquistar, nunca foi e nunca será, a princípio, sinal de qualquer negatividade. Ainda, a procura pela companhia perfeita, pelos filhos ideais, pelas amizades sinceras e tudo mais, representa e representará sempre a maior aspiração de todo aquele que deseja passar pelo mundo protegido e instalado na melhor zona de conforto possível.
O que é preciso entender é que, o homem não pertence a este mundo onde ironicamente tenta perpetuar-se. Eterno só o espírito, que já teve e terá outras existências para o seu aperfeiçoamento. Do passado, não trouxe qualquer recurso material que acreditava possuir e não levará nenhum de agora consigo. A viagem é feita na nudez do sentimento, não poderá acumular nada que é do mundo. Quando transpuser os portais da imortalidade experimentará o efeito moral no seu sentimento do que tiver feito daquilo que Deus lhe permitiu administrar neste mundo. Pensará a respeito daqueles que passaram pela sua vida na condição de necessitados a rogar-lhe o naco de pão, o copo de água fresca, a moeda singela, a veste simples ou o amparo no momento requisitado.
Ó! Grande e cruel dúvida. Equivocado, acredita que lhe faltará amanhã o diminuto recurso que hoje partilha, que em verdade já não lhe pertence. Sem luzes interiores para entender, nem desconfia o viajante que doando multiplicará agora ou para outros tempos que virão a alegria e a prosperidade que lhe marcará a vida. Disse o Senhor Jesus: "àquele que tem mais se lhe dará". Não tentando deter tudo o que possui, ao repartir um pouco aumentará o seu auto entendimento, terá mais paz, méritos traduzidos em alegrias para o futuro. A generosidade, a caridade é riqueza que diminui o jugo material sobre os ombros de quem doa, ao lhe desatrelar da cegueira do egoísmo.
O maior tesouro a ser encontrado neste mundo e nas muitas vivências que o homem terá é o de aprender amar. Sendo moeda imperecível, pedra preciosa e perfeita, também será luz iluminando a sua estrada, principalmente no enfrentamento das provas naturais de crescimento rumo à perfeição. Já cantava o poeta: O amor é luz na alma.
SEM O AMOR TUDO É APEGO E PRISÃO EMOCIONAL, COM ELE, A LIBERDADE DE VIVER POSSUINDO SEM A NECESSIDADE DO QUE SE POSSUI.

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