Procura por cursos técnicos cresce para profissões em que falta mão de obra qualificada

A busca por formação profissional está acompanhando as mudanças no mercado de trabalho e as demandas por profissionais projetadas para os próximos anos. De acordo com levantamento da Fundação de Apoio à Tecnologia (Fundação FAT), que tem sido responsável pelo processo seletivo das Escolas Técnica Estaduais (ETEc) paulistas há mais de 20 anos, a procura pelos cursos no vestibulinho se concentrou em Enfermagem, Segurança no Trabalho, Administração, Edificações, Mecatrônica e Logística. Exceto pela Segurança no Trabalho, todos habilitam para funções que enfrentam ou devem enfrentar carência de profissionais e, consequentemente, têm grande oferta de vagas. “Percebemos nos últimos que a decisão de se preparar para carreira futura está de acordo com as tendências de mercado. Os estudantes estão atentos para isso”, afirma César Silva, presidente da Fundação FAT.
De acordo com as projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2014 deverá ser o quinto ano consecutivo de queda no desemprego. Esse recuo, porém, deveu-se a contratações em áreas que necessitam de profissionais com menos qualificação. “Na indústria, que tradicionalmente concentra as melhores oportunidades de trabalho, a demanda por trabalhadores qualificados é enorme”, afirma Susana Falchi, CEO e fundadora da HSD consultoria em RH. Ela destaca que, hoje, 69% das indústrias enfrentam dificuldades na hora de contratar. “A solução encontrada por essas empresas é qualificar o trabalhador elas próprias”, afirma, mencionando levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria que apontou que 78% das indústrias adotam essa prática.
A procura dos alunos pelos cursos das ETECs paulistas mostra os profissionais mais atentos quanto às especializações que oferecem as melhores oportunidades. “É o que observamos com a procura de cursos como Edificações, Mecatrônica, Administração e Logística”, afirma Susana. Quanto à procura nas ETECs pelos cursos de Enfermagem e Segurança no Trabalho, ela considera que são qualificações muito demandadas. “Há uma relação direta entre a procura pelos cursos e as oportunidades no mercado de trabalho, o que não observávamos com tanta intensidade antes”, diz.
A formação em cursos técnicos, porém, não bastará para colocar no mercado o tipo de mão de obra que a economia nacional demandará nos próximos anos. Para a executiva, essa ligação entre a procura por cursos técnicos e as necessidades do mercado de trabalho se intensificará no ensino superior. “Houve épocas em que a engenharia civil oferecia poucas vagas, insuficientes para receber os profissionais que saíam das universidades. Hoje, a situação é inversa: há uma enorme demanda por esse tipo de profissional, muito superior à oferta”, conclui Susana.
 
 

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