Empurrando o problema para debaixo da carpete

*Juliana de Caires Siqueira e Fabiano Santana dos Santos

O problema das drogas no Brasil é um tema que vem ocupando um espaço extraordinário na mídia e nos debates. É um dos problemas atuais que mais aflige a sociedade nos últimos anos. Ligado às drogas vem a violência e a doença da dependência química.
Podemos considerar que tanto o uso quanto o tráfico de drogas fugiu do controle. Um exemplo disso são as inúmeras "Cracolândias" que se espalham pelo Brasil. Locais esses onde às pessoas vivem a margem de sua miséria, não possuindo nenhum bem, ou conhecimento, vivendo apenas para o consumo do crack. Esses ambientes, que são usados exclusivamente para o consumo da droga, são extremamente tristes e feios chegando a serem até lugares de desprezo, pois, boa parte da população prefere não passar pelos respectivos.
No ano de 2012 a "Cracolândia" de São Paulo foi tomada pela "Operação Centro Legal" que pretendia afastar os viciados do crack, porém não surtiu efeito eficiente, já que as pessoas apenas se afastaram do local, indo para outros pontos da cidade, perambulando sem destino, fazendo uso de sua droga em qualquer local. Aconteceram várias internações, porém abaixo da necessidade.
A "Operação Centro Legal" já fez aniversário, mas, ainda existe um número enorme de pessoas que estão pelas ruas consumidas pelo crack quase que literalmente, pois a droga consome o individuo de tal forma que chega a ser desumano o estado que o mesmo se encontra.
Recentemente foi implantada uma operação de internação compulsória de usuários de drogas na Cracolândia. Essa ação é complexa já que o termo compulsório é um acolhimento obrigatório e necessário, logo é forçoso, portanto essas internações são involuntárias por parte dos viciados, sendo uma atitude tomada tanto pelas autoridades como pelas famílias. Ser internado de forma involuntária gera rebeldia, agressividade, e revolta por parte dos usuários, sem contar que tira todo o direito de suas escolhas.
Por outro lado, levando em consideração que as autoridades estão adotando essa medida pensando no bem estar, saúde, vida social, entre outros fatores que possam se tornar pessoas melhores é uma boa forma de resolver essa situação degradante do ser humano. Todavia, requer pensar em uma estrutura para tanta internação, pois o governo deve investir verdadeiramente em clinicas de reabilitação, ou seja, aplicar um bom dinheiro na área da saúde. São poucas as clinicas existentes que tratam de forma correta, em um ambiente preparado para recebê-los, pois muitas são apenas "depósitos de pessoas". Todos nós sabemos que as condições do sistema de saúde do país ainda são precárias, caracterizando que isso não é apenas um problema do estado de São Paulo.
Cabe ressaltar que essa operação também está ocorrendo em outras partes do país como no Rio de Janeiro.
Complementando nossa reflexão, em 2014 teremos a Copa do Mundo e a realidade do crack e outras drogas necessitam de uma solução. É preciso manter a "cidade limpa" para as vistas da sociedade brasileira e do mundo. Belo Horizonte por sua vez quer tirar das ruas do centro os catadores de papelão.
Parece que estamos querendo maquiar o problema ou esconde-lo debaixo do tapete. O que deveríamos fazer é uma política pública educativa contra as drogas, realizar o combate ao tráfico, ter leis mais severas e, claro, uma fiscalização mais rígida. Não podemos nos esquecer do alcoolismo e tabagismo que ainda são problemas no Brasil.
Para encerrar: o que esperar de um país que tem uma seleção de futebol cujo um de seus patrocinadores é um cervejaria?*Juliana de Caires Siqueira: Acadêmica de Administração da UFMS - Câmpus de Três Lagoas (MS) julianinha_cs789@hotmail.com – *Fabiano Santana dos Santos: Administrador e Professor da UFAL Câmpus de Arapiraca (AL). fsantana@arapiraca.ufal.br

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